
Foi longo e tortuoso o caminho trilhado até se chegar ao lançamento do edital da parceria público-privada (PPP) da Corsan, que levou prefeitos e autoridades ao Salão Negrinho do Pastoreio, no Palácio Piratini. Herança do governo de José Ivo Sartori, a parceria que promete ampliar para 87% o tratamento de esgoto em nove cidades da Região Metropolitana até 2030 teve de superar, antes de tudo, a barreira do preconceito contra a entrada do setor privado na área de saneamento.
Sartori gostaria de ter lançado o edital em seu governo, mas esbarrou na resistência das câmaras de vereadores, que demoraram a aceitar a mudança de paradigma. Antes, foi preciso convencer os prefeitos de que contando apenas com recursos públicos não seria possível avançar no tratamento de esgoto, quesito em que o Rio Grande do Sul ostenta índices de envergonhar qualquer gestor público. Catequizados, os prefeitos de Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Eldorado do Sul, Esteio, Gravataí, Guaíba, Sapucaia do Sul e Viamão tiveram de conquistar os vereadores.
Eduardo Leite assumiu o Piratini e manteve a PPP do saneamento no topo da lista de prioridades. Ele mesmo tentara fazer uma parceria em Pelotas, mas não obteve respaldo político.
A grande virtude da PPP é garantir esgoto tratado à população, questão elementar de saúde pública, mas há subprodutos que não podem ser ignorados. Os R$ 2,2 bilhões em investimentos ajudarão a aquecer a debilitada economia regional. Obras de infraestrutura significam geração de emprego e o Estado precisa absorver a mão de obra que ficou ociosa com a crise dos últimos anos.
Parceria com o BNDES
A primeira visita do presidente do BNDES, Gustavo Montezano, ao Rio Grande do Sul explicitou a mudança no foco do banco, mais conhecido por emprestar dinheiro para grandes empresas. Sob nova direção, o BNDES vai apostar na parceria com Estados e municípios, estratégia que Joaquim Levy deixou alinhavada em sua curta passagem pela presidência.
Com o Rio Grande do Sul, a parceria formalizada no Palácio Piratini para estruturação de projetos começa pela privatização da CEEE, mas deve se estender à concessão de estradas e à modelagem de exploração do Cais Mauá.
O secretário dos Transportes, Juvir Costella, confirmou que até o final de 2020 devem sair os editais para transferir a concessionárias privadas todas as rodovias hoje administradas pela EGR. No pacote estarão também a RS-122 (trecho São Vendelino-Farroupilha) e rodovias das regiões Noroeste e Fronteira Oeste.
Pé no barro

A extensa agenda de Gustavo Montezano no Rio Grande do Sul incluiu uma sessão “pé no barro” na visita ao canteiro de obras da RS-118, financiada em parte pelo banco, e que o governador Eduardo Leite pretende inaugurar na metade de 2020.