Candidato ao Senado por uma aliança que tem Geraldo Alckmin (PSDB) como candidato à Presidência da República e Ana Amélia Lemos (PP) como vice, o deputado federal Luis Carlos Heinze tornou público no início da tarde o que já era visível em seu comportamento: assumiu o apoio a Jair Bolsonaro (PSL), com quem tem uma antiga identificação. A afinidade e a pressão de sua base são os motivos do deputado para apoiar Bolsonaro. Há outros dois que ele não confessa, mas que não podem ser ignorados:
1. Sua candidatura ao Senado não decolou e ele busca uma tábua de salvação. Nas duas pesquisas do Ibope ele ficou em quarto lugar, atrás de José Fogaça (MDB), Paulo Paim (PT) e Beto Albuquerque (PSB).
2. Embora tenha participado da reunião que decidiu o futuro do PP, em Brasília, Heinze nunca assimilou a decisão de Ana Amélia, de abrir mão da candidatura ao Senado para ser vice de Alckmin, o que implodiu a candidatura dele ao Piratini. De volta ao Rio Grande do Sul, no dia seguinte, Heinze ensaiou uma rebelião. Depois de uma negociação que entrou noite a dentro no diretório do PP, foi embora deixando no ar um ponto de interrogação. No dia seguinte, na convenção, o PP homologou a aliança com o PSDB e Heinze foi recebido como o sucessor de Ana Amélia no Senado.
No PP, o comportamento de Heinze vem sendo criticado por deputados que o tratam como traidor. Um dos líderes do partido lembra que Heinze exigiu R$ 3 milhões para financiar a campanha e 70% do tempo da coligação no rádio e na TV. Foi atendido no tempo de propaganda para garantir a unidade, mas abandonou a aliança a 25 dias da eleição. O candidato recebeu até agora do PP R$1.990.692,00.
Em campanha no Paraná, Ana Amélia disse que não vai comentar a decisão de Heinze, mas, pessoas próximas à senadora contam que ela está indignada. O presidente do PP, Celso Bernardi, não participou da coletiva e divulgou nota (leia a íntegra abaixo) afirmando que respeita a decisão do colega, mas que um compromisso foi firmado e será cumprido com Alckmin e Ana Amélia.
Na entrevista que deu à tarde para anunciar o apoio, Heinze estava acompanhado do ex-governador Jair Soares, que recebeu Bolsonaro em sua casa, e do coordenador da campanha e suplente, Ireneu Orth. O único deputado que acompanhou o anúncio foi Sérgio Turra, que vinha mantendo uma posição dúbia em relação à eleição presidencial, por medo de perder votos dos eleitores bolsonaristas, mas, nos últimos dias, escancarou sua simpatia pelo candidato do PSL. Seu pai, Francisco Turra, foi um dos principais defensores do apoio do PP a Alckmin.
- Posso até perder o voto dentro do PP e de partidos coligados, mas estou em paz comigo e com a minha família, disse Heinze depois de explicar os motivos de sua decisão.
O deputado disse que vinha sendo cobrado por sua base uma posição sobre o pleito nacional. Segundo consulta que o próprio candidato fez, 80% de sua base simpatiza com Bolsonaro e, por isso, ficou mais seguro em tomar a decisão. No início de sua fala a jornalistas, afirmou que sempre apoiou Bolsonaro à Presidência, desde o tempo em que os dois eram colegas do PP. Heinze enfatizou que a oficialização de apoio é coerente com o que sempre pensou.
Nota oficial de Celso Bernardi, presidente estadual do PP:
Nota do Progressistas - RS
Considerando a manifestação do Deputado Luis Carlos Heinze (PP), candidato ao senado pelo PP-PSDB-PTB-PPS-PHS-PRB e REDE, de apoio ao candidato a Presidente Jair Bolsonaro.
Considerando que os candidatos do Progressistas tanto em nível nacional, quanto estadual foram aprovados nas respectivas convenções, em 02 de agosto (Nacional) e o 04 de agosto (Estadual), sem nenhuma contestação formal, sendo que o Deputado Luis Carlos Heinze participou de ambas.
Considerando, que nestas Convenções foram aprovados, por mais de 95%, os nomes da chapa Majoritária e Proporcional, com as seguintes coligações:
Nacional com os Partidos: PP/PSDB/DEM - PTB-PR-SDD-PRB e PSD, tendo como candidatos Geraldo Alckmin e Vice Ana Amélia Lemos.
Estadual - com os Partidos PP-PSDB-PTB-PRB-PPS-PHS e REDE, tendo como os candidatos a Governador Eduardo Leite e Vice Delegado Ranolfo e para o senado Luis Carlos Heinze e Mário Bernd.
Coligação proporcional para Deputado Federal com os Partidos: PP-PSDB-PTB-PRB e REDE.
Para Deputado Estadual com os Partidos: PP-PTB
Avaliando, que pela primeira vez, nos últimos anos, temos a mesma posição de apoio a coligação aprovada pela Convenção Nacional e com destaque ao protagonismo e a importância da participação da Senadora Ana Amélia como candidata a Vice Presidente da República.
Considerando, que a Comissão Executiva Estadual tem procurado cumprir as deliberações tomadas nas instancias partidárias, inclusive os compromissos decorrentes das Convenções e das Coligações nelas aprovadas.
Este é o compromisso institucional. Esta é a posição do Progressistas Gaúcho.
Mesmo que não correspondam a nossa vontade, as posições individuais devem ser respeitadas.
Lembro que há um fato importante, que nos fazem iguais: somos do mesmo partido e por isso, saberemos exercitar o diálogo respeitoso.
Temos que ter presente que a eleição é um episódio na vida partidária, mas o partido é permanente. Somos todos responsáveis em manter a nossa UNIDADE e isso requer compreensão.
Nós podemos ter opiniões diferentes sobre quem apoiar e como apoiar, mas sabemos quem não queremos de volta ao poder, tanto no Rio Grande do Sul como no Brasil.
Temos os nossos candidatos (as) indicados pelas convenções e vamos fazer a nossa parte.
Por fim, é bom lembrar que a eleição de 2018 poderá ter segundo turno e não devemos romper pontes e radicalizar com aqueles que estão próximos das nossas posições doutrinárias e da visão que temos de Estado e de gestão.
Celso Bernardi
Presidente do Progressistas/RS