
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Com discurso combativo e apelando ao nacionalismo, no momento em que o país enfrenta ameaças por parte do governo dos Estados Unidos, o futuro primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, deu vários recados ao presidente americano, Donald Trump, em sua primeira manifestação após a eleição como líder do Partido Liberal no domingo (9).
Segundo Carney, Trump está tentando enfraquecer a economia canadense:
— Há alguém que está tentando enfraquecer nossa economia: Donald Trump. Donald Trump colocou tarifas injustificadas sobre o que construímos, sobre o que vendemos, sobre como ganhamos a vida. Ele está atacando trabalhadores, famílias e empresas canadenses. Não podemos deixá-lo ter sucesso e não o faremos — afirmou.
Carney assume o país em meio a uma crise econômica, uma guerra tarifária e ameaças de anexação por parte do presidente americano.
— O governo canadense está retaliando corretamente com nossas próprias tarifas que terão impacto máximo nos Estados Unidos e impacto mínimo aqui, no Canadá. Meu governo manterá nossas tarifas até que os americanos nos mostrem respeito — enfatizou.
O novo premier também teceu diferenças entre as políticas canadenses e dos EUA.
— Os americanos querem nossos recursos, nossa água, nossa terra, nosso país. Pense nisso por um momento. Se eles tiverem sucesso, eles destruirão nosso modo de vida. Na América, a saúde é um grande negócio. No Canadá, é um direito. A América é um caldeirão cultural. O Canadá é um mosaico. A América não reconhece diferenças — afirmou.
Com a renúncia de Justin Trudeau, em janeiro, Carney será empossado nos próximos dias.
O fim de Trudeau é, na verdade, o encerramento de um ciclo. Ele se tornou referência global ao levar adiante uma agenda progressista, com inclusão e diversidade no governo (criou um gabinete ministerial com paridade de gênero), políticas ambientais (introduziu um imposto sobre carbono) e legalização da maconha para uso recreativo.