
Muito provavelmente Vladimir Putin irá aceitar a proposta de cessar-fogo feita pelos Estados Unidos e já chancelada pelo governo de Volodimir Zelensky, que, diga-se de passagem, ficou sem opção a não ser baixar a cabeça diante de Donald Trump.
Desde o bate-boca no Salão Oval, a diplomacia da força do presidente americano funcionou: ele forjou uma armadilha para Zelensky, que saiu pela porta dos fundos da Casa Branca, e, na sequência, se viu enredado em perdas que o deixaram praticamente sem ação diante da Rússia. Os EUA suspenderam a ajuda militar e deixaram de compartilhar informações de inteligência com a Ucrânia - o que reduz em grande parte sua capacidade militar perante as tropas de Putin. Na prática, game over para Zelensky.
O resultado, a se confirmar o cessar-fogo, é que a Ucrânia nunca mais será como antes. A Rússia domina 20% do território — o Donbass (onde ficam as províncias de Donetsk e Luhansk) e a Crimeia, anexada em 2014.
Zelensky e os ucranianos devem dar adeus às fronteiras anteriores.
Essa é uma parte da história. A outra é que a própria Europa não será a mesma, de antes do conflito. Viverá, daqui para frente, sempre com medo de um novo avanço russo sobre seus territórios — Finlândia? Letônia? Lituânia? Estônia? Quem será a próxima?
A ação russa, iniciada em uma invasão agressiva contra um Estado europeu, mudou completamente o status de segurança do continente, que, sem o guarda-chuva americano, está mais vulnerável do que nunca.