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As circunstâncias da queda do avião em São Paulo, que resultou na morte do advogado gaúcho Márcio Louzada Carpena e do piloto Gustavo Medeiros, ainda estão sendo investigadas. Mas não é de agora que especialistas em aviação têm alertado sobre os gargalos na infraestrutura aeroportuária no Brasil. Essa preocupação já havia aparecido após a tragédia aérea em Canela, que matou Luiz Cláudio Galeazzi e outras 11 pessoas.
Conforme o professor Lucas Fogaça, coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da Escola Politécnica da PUCRS, os aeroportos não têm se expandido muito — nem em número nem infraestrutura.
— A demanda aumentou muito no Brasil e hoje é um gargalo. Então, não conseguimos ter mais voos e mais competitividade entre as (companhias) aéreas, em parte, porque a infraestrutura não comporta.
Na região Sudeste, o coração da aviação no Brasil, há um "problema de pátio", segundo o professor.
— Se um aeroporto grande, tipo Guarulhos, Congonhas ou Galeão, fechar por meteorologia, por exemplo, as aeronaves têm dificuldade de achar lugar para alternar porque não há espaço para estacioná-las — afirma.
Fogaça destaca que o Brasil chegou ao limite da infraestrutura aeroportuária.
— Isso afeta a segurança de voo indiretamente. Força as empresas a operar mais perto do limite.
Olhar para o RS
Especialista em segurança de voo e examinador de pilotos da Agência Nacional de Aviação (Anac), Fábio Borille afirma que, para aviação regional e principalmente aviação particular, há déficit de lugares que tenham estrutura, procedimentos de chegada e saída, áreas de escape.
— O que acontece no Brasil: constrói-se um aeroporto em uma fazenda meio afastada e começa-se a morar em volta, como ocorreu em Congonhas ou com o Campo de Marte (de onde decolou o avião acidentado nesta sexta-feira). Não se consegue expandir para lado algum porque a cidade cresceu pra ali — explica.
Ele também destaca a necessidade de se pensar sobre infraestrutura que auxilie os procedimentos de voo por instrumentos.
— Em Canela, temos uma pista com obstáculos na cabeceira, árvores etc. Se espichou a pista um pouco, mas não há como aumentar muito mais, porque há hotel, casas. Tinha-se operação noturna com balizamento, mas roubaram os fios. Falta de segurança.
Assim como Fogaça, Borille também ressalta a falta de opções para pousos. Segundo ele, voar no RS durante a noite, caso ocorra alguma emergência, as opções de pouso são em Porto Alegre ou "volta", o resto é "quebra-galho".
— Eu já tive problema saindo de Ijuí aqui na época do Salgado Filho fechado ainda. Vim para Belém Novo, estava com teto baixo, chuva, etc. E eu tive de voltar para Florianópolis, mas eu não tinha nenhum aeroporto com uma infra que tivesse um abastecimento. Torres seria o melhor, mas não tem abastecimento. Nos Estados Unidos têm bastante, as pistas são boas, não tem buraco, são largas, são compridas, tem abastecimento.