O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
"Parecia um romance de Agatha Christie". Assim que o jornalista Nick Pisa, do jornal inglês Daily Mail, classificou o caso das quatro pessoas da mesma família mortas por envenenamento por arsênio no Rio Grande do Sul. Das quatro, três morreram após comer o bolo de Natal em dezembro de 2024. A suspeita é Deise Moura dos Anjos, 42 anos, que está presa desde 5 de janeiro.
Diante da repercussão da história, o jornalista inglês, Nick Pisa, aterrissou em Porto Alegre para acompanhar o caso durante uma semana. Foram, ao todo, 15 reportagens em texto, fotos e vídeos. A coluna conversou com ele:
Por que você e o Daily Mail se interessaram pelo caso?
Basicamente porque era uma história muito intrigante e tudo aconteceu na época do Natal. Pareceu muito estranho desde o início um bolo de Natal envenenado. Parecia um romance de Agatha Christie.
Você veio para Porto Alegre para acompanhar o caso ou para outros trabalhos?
Fui para Porto Alegre só para acompanhar esse caso e fiquei surpreso quando me convidaram para ir, mas por ser web e tudo ser movido por cliques foi visto como uma história que vale a pena contar. The Mail tem um dos maiores números de usuários por ano e é um dos sites mais bem-sucedidos e lidos do mundo.
Quais as suas primeiras impressões sobre o caso?
A minha perspectiva sempre foi um caso estranho e devo admitir que, para começar, pensei que seria um acidente trágico e que Zeli se confundiu com os ingredientes. Achei que ela não poderia ter feito isso deliberadamente, pois também deu duas mordidas no bolo. Então, conversando com a família dela, fiquei sabendo que havia animosidade entre Deise e outros parentes. Quando o primo me contou que o Paulo (o sogro) tinha morrido depois de comer uma banana pensei que tinha alguma coisa errada aqui e aí a irmã do Jefferson (esposo de Maida, que faleceu comendo o bolo) disse que talvez fosse “alguém rancoroso”, mas não entrei no assunto, o que também me fez pensar. Além disso, quando pedi à polícia que me contasse sobre as bananas de Zeli e Paulo, eles se recusaram a falar sobre eles, então tudo isso me fez pensar que talvez houvesse mais do que isso. Obtive então a certidão de óbito de Paulo que mostrava que ele morreu sem testamento e com bens que me fizeram pensar que talvez fosse um motivo financeiro. Quando a polícia anunciou a exumação, penso que todos sabíamos quais seriam os resultados do teste: positivo para arsénico.
Como foi a repercussão dos leitores?
Foi uma das histórias mais lidas das últimas semanas, com milhares de comentários e compartilhamentos e as pessoas ficaram intrigadas com ela. Também fui solicitado a comentar o caso por estações de rádio locais que tinham visto o artigo.
Continuará acompanhando o caso?
Adoraria acompanhar o caso e visitar o Brasil novamente, mas acho que será de longe e através dos sites de notícia.