Em 15 de dezembro, a coluna comparou a situação do avanço da pandemia no Rio Grande do Sul e em Portugal, territórios com populações semelhantes. O país europeu tem 10,2 milhões de habitantes, enquanto o Estado contabiliza 11,2 milhões.
Um mês e meio atrás, o Rio Grande do Sul enfrentava aceleração da covid-19 ligeiramente superior à da nação europeia: 3,94 novas infecções por dia por 1 milhão habitantes aqui, enquanto lá o registro era de 3,65 novos pacientes a cada 24 horas por 1 milhão.
A pedido da coluna, o professor Álvaro Krüger Ramos, do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), refez os cálculos com base na situação atual. Antes mesmo da comparação, ao observar as estatísticas atuais, disse ter ficado preocupado com a mudança para pior do cenário no país europeu que já foi exemplo de combate ao vírus.
- Portugal registrava em dezembro 3,65 novos casos por dia a cada 1 milhão de habitantes. Hoje, a sua média de novos casos por dia pulou para 11,8 novos casos a cada 1 milhão habitantes. É mais do que o triplo do que vinha registrando - afirmou.
Em relação ao número de óbitos, são 28 a cada milhão de habitantes por dia, com um total de 1.223 óbitos a cada milhão de habitantes.
No final de semana, o país começou a enviar pacientes infectados para a Áustria, depois que o sistema hospitalar esteve perto de entrar em colapso.
O RS registrava em dezembro 3,94 novos casos por dia a cada 1 milhão de habitantes. Hoje a sua média de novos casos por dia (considerando represamento médio de 3% na última semana) está em 2,2 confirmações a cada 1 milhão de habitantes.
- A quantidade de óbitos no Rio Grande do Sul também está em patamar inferior ao de Portugal: são 5,1 mortes por dia por milhão de habitantes, tendo um total de 952 óbitos por milhão de habitantes - explica.
Porém, essa aparente vantagem que o Rio Grande do Sul em relação a Portugal pode ser momentânea, observa o professor.
- Lembro que no auge da primeira onda, em agosto de 2020, o Estado registrava dois casos diários a cada milhão de habitantes, patamar inferior ao atual. Além disso, existe a preocupante - e real - possibilidade que uma mutação mais contagiosa do vírus causador da covid-19 se espalhe pelo Rio Grande do Sul, e, nessa situação, teríamos potencial para apresentar números semelhantes aos de Portugal - pondera.
Para evitar a piora da situação, Krüger orienta cautela por parte da população:
- Por ora, o que podemos fazer para diminuir os números e evitar um grande aumento nos casos de covid-19 é manter os cuidados pessoais, essencialmente a utilização da máscara e a prática do distanciamento social quando o isolamento não for uma opção. Além disso, devemos evitar as viagens desnecessárias para fora do Estado, na tentativa de retardar a entrada dessa nova cepa, dando tempo para que o sistema de saúde vacine a maior quantidade possível de pessoas e abra o maior número possível de leitos de UTI.