
Em menos de três semanas, o número de mortos por covid-19 no Uruguai dobrou. Em 15 de dezembro, o país vizinho estava ao lado de nações como Tailândia, Vietnã e Singapura, com menos de cem óbitos pelo coronavírus desde o início da pandemia - registrava 98.
Era um exemplo raro na América Latina de nação que conseguira domar o vírus sem impor medidas de restrição obrigatórias - o Uruguai apostou no bom senso da população, recomendando isolamento social, medidas de prevenção, mas sem fechar a economia.
Passados 20 dias, o número de mortes por covid-19 chega nesta segunda-feira (4) a 204. O total de casos também dobrou: subiu de 10.418 em 15 de dezembro para 20.823. Na noite de domingo (3), o Sistema Nacional de Emergencias informou 559 novos. Todos os 19 departamentos que compõem o território uruguaio têm, neste momento, registros ativos.
O que houve com o país que chegou a ter dias sucessivos, até junho, sem nenhum novo caso?
Autoridades de saúde e epidemiologistas apontam o relaxamento da população com os cuidados básicos, devido ao cansaço em relação à pandemia e à chegada do verão, período do ano que favorece encontros sociais, como as principais causas do aumento exponencial de registros.
O governo do presidente Luis Lacalle Pou, que por enquanto descarta confinamentos da população, fechou as fronteiras do país entre 21 de dezembro e 10 de janeiro. Conforme o jornal El País, de Montevidéu, desde a proibição de ingresso, a Armada Nacional (como é chamada a marinha uruguaia) e as autoridades de aduana rejeitaram mais de 500 pedidos de entrada no país (de 300 pessoas e 200 veículos). Por Rio Branco, fronteira com a gaúcha Jaguarão, foram rejeitados 289 visitantes. Por Chuy, separada de Chuí por uma avenida, foram impedidas de entrar na nação vizinha 29 pessoas e 231 veículos.
Nos próximos dias - provavelmente nesta terça-feira (5) -, as autoridades devem anunciar novas medidas de combate ao coronavírus e o plano de vacinação. Nos balneários da costa uruguaia, como em Punta del Este, funcionários da prefeitura estão posicionados para advertir os veranistas a evitar aglomerações. Em Punta Ballena, departamento de Maldonado, uma festa clandestina com mais de 200 pessoas foi descoberta no final de semana.
Sobre a imunização, tudo indica que o governo irá fechar a compra da vacina da Pfizer/BioNtech para administrar o produto 250 mil pessoas em breve. As autoridades também negociam com outros laboratórios e governos, incluindo o chinês, para a compra de 1,5 milhão de doses.