Com a campanha prejudicada pelo coronavírus, que mantém o presidente Donald Trump confinado à Casa Branca desde que saiu do hospital, as atenções da disputa eleitoral nos Estados Unidos se voltam para o debate da noite desta quarta-feira (7), entre os candidatos à vice-presidência, Mike Pence e Kamala Harris.
Desde que a covid-19 atingiu pelo menos 13 pessoas próximas ao presidente, a preocupação com os protocolos de segurança aumentaram por parte da comissão que organiza os encontros. O espaço entre os dois debatedores foi ampliado de dois para três metros e meio, por exigência da campanha democrata. Uma proteção de acrílico deve ser instalada entre Pence e Kamala – barreira que também parece ter sido exigência da oposição uma vez que assessores de Trump e Pence debocharam da iniciativa.
Depois do caótico debate da noite de 29 de setembro, entre Trump e Joe Biden, em que a discussão de ideias foi prejudicada por interrupções constantes do presidente, há expectativas maiores sobre o único duelo entre os vices. Manter os microfones abertos foi um dos erros do encontro passado. Se houver bom senso, desta vez, o equipamento deve ser silenciado, enquanto o oponente fala. Não estão confirmados os próximos debates entre Trump e Biden – no dia 15, o presidente ainda estaria cumprindo quarentena, embora ontem tenha expressado desejo de participar. No último, no dia 22, é mais provável que esteja na arena.
O encontro dos vices, na Universidade de Utah, em Salt Lake City, será mediado por Susan Page, do jornal USA Today. O encontro (às 21h45min pelo horário de Brasília) será dividido em nove seções de 10 minutos cada, com os candidatos tendo dois minutos para responder.
Pelo estilo dos debatedores – Pence é bem mais discreto do que Trump –, espera-se um duelo mais cerebral, focado em iniciativas dos quatro anos de mandato republicano em oposição aos oito de Barack Obama e Biden na Casa Branca. Pence tem experiência legislativa – exerceu seis mandatos na Câmara dos Deputados – e no Executivo (antes de ser vice, foi governador de Indiana). Kamala foi procuradora-geral e senadora pela Califórnia. A depender do histórico em debates, deve bater forte em Pence em temas como racismo e abusos policiais. Ela não poupou nem o atual companheiro de chapa, quando disputavam a indicação do partido. Kamala conhece o sistema judicial por dentro e tem mais capacidade do que Biden de confrontar as políticas dos republicanos sobre segurança – um dos cavalos de batalha da chapa Trump-Pence. Também deve mostrar a energia que faltou ao colega no debate passado.
Já Pence deve levantar a bandeira da experiência e tentar ocultar um posto pouco honroso nesses tempos: nos últimos 10 meses, ele foi o coordenador da força-tarefa de resposta do governo federal à crise do coronavírus. Como se sabe, os EUA lideram o macabro ranking de infectados e mortos pela pandemia.