Excetuando-se jogadores de futebol e estrelas do show business, Sergio Moro é o brasileiro mais conhecido atualmente no Exterior e isso se deve à maneira como ele transformou a Lava-Jato em case internacional de luta contra a corrupção.
Por conta da imagemde justiceiro, é comparado pela mídia global a Giovanne Falcone, o juiz que empreendeu uma cruzada contra a máfia siciliana até ser assassinado no início dos anos 1990 - antes inclusive da Operação Mãos Limpas, inspiração do brasileiro. Moro tornou-se estrela de eventos pelo mundo, dando palestras de Columbia, em Nova York, a Heidelberg, na Alemanha. Lá fora, o agora ex-ministro é mais popular do que o próprio presidente Jair Bolsonaro.
A demissão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta já provocou estranhamento no mundo porque é incomum uma troca de comando de alto escalão em meio a uma crise como essa pandemia. A saída de Moro provoca ainda maior impacto.
O ex-juiz federal, ao ser levado para o Planalto, concedeu a Bolsonaro a imagem internacional de um governo comprometido com a nacionalização da luta contra a corrupção e contra a criminalidade, infelizmente dois fenômenos pelos quais o Brasil é conhecido fora de suas fronteiras. Uma amostra do tamanho de sua projeção era o site do The Guadian, no dia em que foi indicado para a pasta, em novembro de 2018. Das 20 notícias publicadas na seção de Americas do jornal no site, pelo menos a metade falava de Bolsonaro e Moro. Do mesmo tamanho de suas vitórias, também foi a repercussão negativa quando, em 2019, vazaram as trocas de mensagens entre procuradores da força-tarefa da Lava-Jato e o ministro, divulgadas pelo site The Intercept. O francês Le Monde questionou à época: “E se o maior escândalo de corrupção na história do país tivesse sido manipulado?”.
Agora fora do governo, Moro começa a ser destaque de jornais internacionais, como o Expresso, de Portugal, um dos primeiros a noticiar sua saída da Esplanada. Na reportagem, o site destaca que, internamente, o agora ex-ministro destruta de popularidade maior do que Bolsonaro, segundo Instituto Datafolha.