São tantos os candidatos que se engalfinham pela vaga do Partido Democrata para disputar a eleição de 2020 nos Estados Unidos – e, consequentemente, para tentar desbancar Donald Trump da Casa Branca – que foi preciso dividi-los em duas turmas para o debate na televisão.
O primeiro foi na noite de terça-feira (30), quando 10 concorrentes protagonizaram um duelo morno, evitando provocações e automutilação. O confronto previsível, entre os senadores Bernie Sanders e Elizabeth Warren, pesos-pesados da política americana e que dividem boa parte do eleitorado entre a esquerda e o centro do partido, não aconteceu. Imperou a cautela.
O segundo grupo, com outros 10 candidatos, debaterá na noite desta quarta-feira (31). Ausente na terça, o ex-vice-presidente de Barack Obama, Joe Biden, estará nesta turma, o que lhe dá certa vantagem. É o mais conhecido frente a um punhado de azarões e pode se consolidar como favorito.
Se depender do retrospecto, a noite será mais quente do que a primeira: a seu lado estará a senadora Kamala Harris, estrela em ascensão do partido. Biden, que carrega o discurso de diversidade de Obama, disputa o voto negro (decisivo no pleito nacional) com Kamala e com o também senador Cory Booker. Ele lidera as pesquisas, à frente de Elizabeth, Kamala e Sanders, todos mais à esquerda do ex-vice.
Em geral, os pré-candidatos democratas têm visões semelhantes sobre temas espinhosos como seguro saúde, imigração e mudanças climáticas. Até por isso fica difícil para o eleitor médio encontrar diferenças entre eles.
Da derrota de 2016 para cá, o partido até conseguiu retomar parte do fôlego – reconquistou a maioria na Câmara dos Deputados no pleito de meio de mandato e aproveitou o furacão de popularidade representado pela deputada Alexandria Ocasio-Cortez, que, embora não seja pré-candidata, reaproximou os jovens da legenda.
Mas a verdade é que os democratas ainda não assimilaram o golpe das urnas de três anos atrás. Estão desunidos e inseguros diante de um presidente rival que tem a seu favor os números e a tradição. É comum, nos EUA, a reeleição. Enquanto os democratas seguirem dispersos e a economia ir bem, Trump continuará imbatível.