
Quando parlamentares irritados contestaram seu apoio ao casamento gay, em 2013, o então primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, respondeu assim:
— Defendo esta lei porque sou conservador, e não apesar de ser conservador.
Fazia sentido. No raciocínio de Cameron, ele estaria valorizando — e preservando — a tradicional instituição do casamento ao garantir seu acesso a um número maior de pessoas. Pode-se discordar desse argumento, mas Cameron expressou bem o que define, afinal, o pensamento conservador.
Não se trata de militar pela restrição de direitos ou pelo retorno a um passado mítico em que tudo era perfeito. Esse é o reacionário. O conservador, não: o conservador aceita os avanços sociais — mas, ao contrário do revolucionário, entende que as reformas devem vir com prudência. Por meio de ajustes, adaptações, reparos. Nunca com rupturas ou grandes convulsões. Sempre conservando, portanto, as instituições e a ordem social.
Essa história começa no século 18, com o parlamentar britânico Edmund Burke, pai do conservadorismo moderno. Burke era um reformador do partido liberal: defendia a independência dos Estados Unidos e opunha-se ao tráfico de escravos, mas surpreendeu colegas de partido ao criticar a Revolução Francesa, que recém começava.
Na avaliação dele, a visão de mundo do revolucionário — que acredita ter o direito, a partir de suas próprias convicções, de botar abaixo a ordem social vigente e construir uma nova — faz mal para a sociedade. Você pode aprimorar a ordem social, mas nunca destruí-la para depois inaugurar outra. Porque, segundo Burke, conservar o que foi conquistado pelas gerações passadas, sem abrir mão de eventuais mudanças, é a única forma de impedir que a sociedade se desintegre e acabe refém do terror — o que de fato ocorreu na Revolução Francesa.
Quer dizer: enquanto o reacionário quer restaurar uma ordem que já passou e o revolucionário pretende instaurar uma nova ordem, o conservador prefere avançar, aos poucos, dentro da ordem atual. Entre esses três, só o conservador respeita as regras democráticas. E a antítese do conservador não é o reacionário nem o revolucionário, é o progressista — que também aceita a democracia moderna, mas entende que as reformas podem ser mais rápidas e que o Estado deve acelerá-las.
O conservador é a direita. O progressista, a esquerda. O reacionário, a extrema direita. E o revolucionário, a extrema esquerda. Qual deles você vai querer em 2026? Se for conservador ou progressista, a democracia agradece.