O problema da vacinação é que tudo depende de Brasília. Ou seja, ainda que Porto Alegre – ou qualquer outra cidade – tenha uma estrutura robusta, uma equipe competente e uma clara capacidade de agilizar o processo, nada disso adianta se o número de doses que chegarem for pequeno.
Na semana passada, por exemplo, o ritmo de vacinação foi excelente. Tínhamos quase 80 mil doses enviadas pelo Ministério da Saúde, o que permitiu à prefeitura vacinar, a cada dia da semana, toda a população de determinada faixa etária. Ou seja, as pessoas de 42 anos receberam vacina na segunda, as de 41 receberam na terça, e assim por diante – eu, que tenho 38, fui vacinado na quinta.
A questão é que, para esta semana, chegaram só 23 mil doses. O resultado é uma evidente redução na velocidade: nesta segunda-feira (12), só as mulheres de 36 anos foram vacinadas. Na terça (13), será a vez dos homens de 36. Todos poderiam ter sido vacinados no mesmo dia: a cidade tem estrutura, equipe e agilidade para isso – só que as doses se esgotariam nas primeiras 24 horas.
– Não faria sentido aglomerar todo mundo na segunda-feira e, na terça, suspender a vacinação. Melhor diluir essas pessoas (são 26 mil com 36 anos em Porto Alegre) em um período de tempo maior – diz o diretor da Vigilância em Saúde da prefeitura, Fernando Ritter.
Segundo ele, o ideal seria manter o mesmo ritmo da semana anterior – ainda mais agora, com a variante Delta se aproximando. Nos locais onde a Delta chegou (e vai chegar aqui também), houve um aumento significativo de internações. Só que esse impacto foi bem menor nos lugares que já tinham uma grande parte da população imunizada.
– Aqui em Porto Alegre, temos 48% das pessoas vacinadas com a primeira dose, mas só 25% com a segunda. É fundamental correr para aumentar esse percentual ates que a Delta tome conte – avalia Ritter.
Quer dizer: é hora de ganhar tempo. Por enquanto, o Rio Grande do Sul tem dois casos suspeitos da variante, que, segundo a Organização Mundial da Saúde, vai se tornar dominante no mundo inteiro. Quanto mais gente estiver imunizada, menor será o estrago da Delta. Mas tudo ainda depende das remessas de Brasília.