A intenção do governo estadual de tirar o trensurb da frente do Cais Mauá – os estudos vão dizer se a ferrovia deve ser enterrada, ou elevada, ou encaixotada, como a coluna mostrou na segunda-feira (17) – fez alguns leitores lembrarem da esquecida Praça Edgar Schneider.
Eis uma coisa que talvez só exista em Porto Alegre. A charmosa área verde em frente ao Guaíba, enfeitada por uma bela escultura de Alfred Adloff (um dos artistas mais importantes da cidade no início do século passado) não pode ser visitada por ninguém. Porque é impossível chegar ao local.
Situada dentro do cais, nas proximidades da Rodoviária, a praça foi separada da cidade nos anos 1970, quando o muro da Mauá e, mais tarde, os trilhos do trensurb foram construídos. Ou seja: a praça ficou para lá, a Capital para cá. Hoje, só quem enxerga a Edgar Schneider são os passageiros do trem, pela janelinha.
– São décadas de abandono, então tudo ali foi se degradando. Além da obra de Alfred Adloff, que são duas ninfas já sem os braços, aquela área ainda tem o antigo frigorífico. É um prédio bonito, de arquitetura industrial dos anos 1930, mas pouco valorizado justamente por estar escondido – avalia José Francisco Alves, professor do Atelier Livre da Prefeitura e autor do livro A Escultura Pública de Porto Alegre.
Nos últimos anos, o estudo de viabilidade urbanística (EVU) para as obras de revitalização do Cais Mauá previu uma restauração completa da praça. Essa reforma deverá ser executada, conforme o EVU, pelo consórcio que assumir todo o cais – a licitação está prevista para o início de 2022.
– É uma praça que, para ficar acessível à população, vai precisar no mínimo de passarelas passando por cima do trensurb. Mas todas essas hipóteses, inclusive a ideia de enterrar o trem no subsolo da Mauá, estão sendo analisadas pelo BNDES (instituição contratada para liderar os estudos que vão embasar o edital de licitação) – diz o secretário municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, Germano Bremm.