As perspectivas, de fato, não são das melhores, mas ainda é impossível afirmar que teremos novas restrições nas atividades econômicas em Porto Alegre.
— Dá para dizer que a situação, no momento, está mais para ruim do que para boa —reconhece o secretário municipal adjunto de Saúde, o epidemiologista Natan Katz.
Como sempre, o que baliza as decisões da prefeitura é a ocupação dos leitos de UTI. E, nas últimas semanas, houve um aumento no número de internados, embora em ritmo lento. Ou seja, nada parecido com o que ocorreu em junho, quando a aceleração desse indicador foi rápida demais: a quantidade de internados dobrava a cada 14 dias. Hoje, não.
Isso significa que, caso seja necessário impor novas restrições às atividades, elas viriam em uma intensidade menor do que vieram em junho. Quer dizer: provavelmente teríamos limitações em horários de funcionamento, mas nada que resultasse no fechamento de alguns setores.
Mesmo assim, seria uma péssima notícia. A esperança é de que alguns indicadores de saúde, no próximos dias, deem sinais de alarme falso. Por exemplo: houve aumento no número de atendimentos a pessoas com sintomas gripais nos postos de saúde. Mas será que a maioria estava com covid-19? Ou será que elas foram acometidas por outros vírus?
É bom torcer pela segunda opção. Porque, se a maioria estiver com coronavírus, a tendência é de que a ocupação dos leitos de UTI continue crescendo nos próximos dias. Certeza, mesmo, só teremos no final da semana, quando a prefeitura terá o resultado dos testes que os pacientes fizeram.
— Não podemos tomar nenhuma medida de restrição sem termos absoluta segurança do que estamos fazendo — diz Natan Katz.
O secretário elenca alguns motivos que podem ter contribuído para o recrudescimento da pandemia — não só por aqui, mas no Brasil todo. O primeiro é a chegada do verão, convidativa para ir para a rua. O segundo é o fim do auxílio emergencial: sem dinheiro, é natural que as pessoas se exponham mais em busca de trabalho.
Outra hipótese é que a campanha eleitoral, ao reunir centenas de pessoas, também tenha facilitado a circulação do vírus. E por fim, claro, está o esgotamento das pessoas.