Para impedir que uma viela com cara de terreno baldio (foto) receba o nome de Marielle Franco, no extremo sul de Porto Alegre, o vereador Roberto Robaina (PSOL) pediu para o prefeito Marchezan vetar o projeto aprovado na Câmara.
A homenagem à vereadora assassinada partiu de Rodrigo Maroni (Podemos), hoje deputado estadual. Em dezembro, Maroni admitiu nunca ter visitado a rua, escolhida "de forma aleatória" em um cadastro com centenas de vias ainda sem nome. Quando a coluna foi ao local, encontrou uma ruela estreita de areia e grama, sem moradores nem acesso para carros, escondida em meio ao lixo no bairro Hípica.
Como esse tipo de projeto só vai a votação se algum vereador se opuser – e, na época, os parlamentares do PSOL, partido de Marielle, silenciaram –, a proposta só precisaria ser sancionada pelo prefeito. Robaina, na segunda-feira (4) à tarde, quando Marchezan esteve na Câmara para a abertura do ano legislativo, pediu que o texto seja vetado.
– A situação é delicada porque o prefeito sanciona todos os nomes de ruas que vêm dos parlamentares. Como justificar o veto só desse? – avalia um interlocutor de Marchezan.
A bancada do PSOL, agora, pretende recolher assinaturas de vereadores favoráveis ao veto e entregá-las ao prefeito – se a maioria apoiar a ideia, aumenta a possibilidade de Marchezan atender ao pedido. Nos partidos mais à esquerda, não será difícil conseguir ajuda. Mas e naqueles menos alinhados à ideologia do PSOL?
– Vou assinar, sim. Temos que respeitar a vontade do partido ao qual Marielle pertencia – opina o líder da bancada do PP na Câmara, vereador Cassiá Carpes.
– Não vou assinar. O pessoal (do PSOL) deveria ter se mexido antes. Não acho que caiba a nós esse papel – diz Idenir Cecchim, líder da bancada do MDB.
Se Marchezan vetar a proposta, o plenário da Câmara ainda precisa decidir se mantém ou derruba o veto.