Entre a noite da última quarta-feira e o amanhecer de quinta, em um intervalo de menos de 12 horas, 10 pessoas morreram em acidentes de trânsito no Rio Grande do Sul. Em uma das ocorrências, em São Vendelino, na Serra, uma criança ferida também acabou não resistindo e mais tarde foi confirmada como a terceira vítima fatal da colisão do carro onde estava, com o pai e um irmão, com um caminhão. São casos que, embora fujam do padrão pela grande concentração de mortes em pouco tempo, voltam a pedir atenção para o recrudescimento da violência em estradas e ruas não só do Estado, mas do país.
Outra vez se constata que, após a pandemia, o trânsito voltou a ficar mais violento e mortal no país
Porto Alegre teve, no ano passado, a maior quantidade de mortes no trânsito desde 2017. Foram 84 óbitos, 18% acima dos de 2023, conforme a EPTC. As estatísticas de 2024 do Rio Grande do Sul ainda não estão fechadas. De acordo com o Detran, até setembro 1.257 pessoas sucumbiram em acidentes em vias do Estado, 7,9% a mais ante igual período de 2023. É um dado que surpreende também devido às restrições de mobilidade ao longo do ano passado causadas pela enchente de maio. Nas rodovias federais do país, o panorama também é preocupante. Perderam a vida em estradas geridas pela União 6.160 pessoas, número 10% acima do de 2023, indica a Polícia Rodoviária Federal. Foi o quarto ano seguido de aumento da mortalidade.
Outra vez se constata que, após a pandemia, o trânsito voltou a ficar mais violento e mortal no país. Até então, atravessava-se um período de redução do número de vítimas fatais. É necessário que autoridades da área e especialistas se debrucem sobre o problema para compreender melhor as causas e propor soluções, passem elas por melhores estratégias de educação para o trânsito, campanhas de conscientização, aperfeiçoamento da formação de motoristas, maior fiscalização nas vias ou revisão de leis. Há críticas ao afrouxamento da legislação, como o que, em 2021, flexibilizou as regras para a suspensão da carteira de habilitação.
Os acidentes são associados a fatores humanos como excesso de velocidade, ultrapassagens em locais proibidos e a mistura de álcool e direção. Em reportagens publicadas nos últimos meses, policiais rodoviários relatam a sensação de que, após as enchentes, os motoristas gaúchos ficaram mais ansiosos, o que eleva a chance de comportamentos imprudentes. Na Capital, o diretor-presidente da EPTC, Pedro Bisch Neto, diz perceber que o uso do celular ao volante também pode ser uma causa, por levar a distrações.