Ao lado de Londres e Berlim, Paris figura no pódio das três capitais europeias preferidas por jovens turistas. Mas é considerada a menos generosa em termos de hospedagem para bolsos menos afortunados. As duas primeiras estão bem à frente dos franceses em ofertas de pernoites ao estilo albergues da juventude, cada uma delas com cerca de 16 mil leitos de preços mais acessíveis para mochileiros e viajantes mais ou menos exigentes. Mas Paris vem tentando recuperar seu atraso, ajudada, paradoxalmente, por britânicos e alemães.
No início do ano passado, foi inaugurado o maior albergue da juventude da cidade, o Generator, com 920 leitos divididos em 198 quartos simples, duplos ou para seis, oito e 10 pessoas – com diárias a partir de 25 euros. Pertencente a um grupo inglês, o novo hostel foi instalado na praça Colonel Fabien (75.010), próximo ao canal Saint-Martin, a 15 minutos de caminhada da estação de trem Gare du Nord e em frente à antiga sede do Partido Comunista Francês projetada pelo brasileiro Oscar Niemeyer. O Generator – que já existe em Berlim, Londres e Barcelona – tem uma proposta além da simples hospedagem. O local dispõe de um café de 200 lugares com varanda e também de um “bar musical”, com DJs nos fins semana até as 2h da manhã. Os alemães do grupo Meininger também decidiram entrar nesse promissor mercado e vão abrir até o final de 2018 seu próprio albergue em Paris, numa área de 8 mil metros quadrados nas proximidades da Porte de Vincennes, com 200 leitos.
Feridos em seu orgulho – e de olho no potencial de negócios –, três jovens empreendedores franceses fincaram há poucos meses, no coração do animado bairro de Belleville, o Les Piaules, um albergue com design de inspiração hipster, instalado num prédio art déco dos anos 1930. O espírito é o mesmo da concorrência: bar com música ambiente, cervejas artesanais ou vinhos bio. E os preços idem, a partir de 25 euros para diárias em dormitórios e diferentes tipos de quartos. Com exceção do rooftop, com quatro suítes panorâmicas e 120 euros o pernoite.
Em pouco tempo, Paris aumentou sua capacidade de acomodações em albergues em quase 15%. Mas atualmente, com cerca de 7 mil leitos dessa categoria, ainda está bem atrás de suas rivais Londres e Berlim.
Nas ruas de Paris
O Festival Internacional de Cinema de Cannes se aproxima (de 11 a 22 de maio), mas Paris também se ilustra quando o tema é a sétima arte. Além de suas quase 400 salas de cinema, a capital é um requisitado cenário para produções de todos os tipos e nacionalidades. Em 2015, a cidade acolheu um total de 885 filmagens, somando 2.970 dias de gravações, incluindo longas, curtas, documentários ou séries de TV. Entre eles, Les Anarchistes, de Elie Wajman (com Adèle Exarchopoulos, de Azul É a Cor mais Quente); Paris Est une Fête, de Bertrand Bonello; Elle, de Paul Verhoeven; La Femme à la Plaque Argentique, de Kyoshi Kurosawa; e Bonjour Anne, de Eleanor Coppola (mulher de Francis Ford).
Nas caves do Louvre
No século 18, o cerieiro e sommelier da corte, Trudon, supervisionou a construção das caves do Palácio do Louvre, para abastecer o rei Luís XV com os melhores rótulos de vinhos. As nobres garrafas eram transportadas até as dependências reais pelo subterrâneo de galerias, um labirinto de 18 quilômetros de extensão. Com o passar do tempo, a adega real cedeu lugar a um depósito de frutas e legumes, até ser definitivamente lacrada.
Recentemente, cerca de 2 milhões de euros foram investidos para reabrir e restaurar 600 metros quadrados do local. Les Caves do Louvre, no número 52 da rua de l’Arbre Sec (75.001), hoje é uma atração turística voltada à descoberta do vinho francês. O tour inclui salas de barricas de carvalho, de degustação, o aprendizado do odor e do paladar e a importância dos solos e do terroir na qualidade do vinho. A visita, que pode incluir a criação de seu próprio vinho (duas horas de duração), é normalmente feita com a ajuda de um aplicativo de celular, e guias estão disponíveis por enquanto nos finais de semana. Ao lado, uma livraria-butique, com obras e produtos relacionados ao vinho.