O episódio da censura na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que mobilizou o país na semana passada e exigiu decisão do Supremo Tribunal Federal, me fez lembrar aquela cena final do filme Cinema Paradiso. Eram outros beijos, dirão os mais conservadores, mas é inegável que ambos despertaram o espírito autoritário de quem se julga no direito (ou no dever) de decidir o que os outros devem ver e ouvir. Ainda que o padre siciliano do filme e o bispo-prefeito do Rio soubessem recitar 200 versículos bíblicos de cor, como recomenda a nova ordem, não lhes compete, numa democracia, cercear a liberdade de expressão nem tutelar o acesso à informação das demais pessoas.
Liberdade de expressão
Beijos para os censores
Em tempos de internet ao alcance de todos (crianças, inclusive) e de revolução dos costumes, a hipocrisia dos censores contemporâneos só não é mais assombrosa do que sua inépcia
Nílson Souza
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