
Caso o colunista debruçasse um olhar alternativo para o Gauchão, seria fantástico se Caxias e Juventude eliminassem os gigantes e estabelecessem uma ruptura na lógica da gauchada.
Clubes tradicionais de uma cidade extraordinária como Caxias do Sul a tornar o Gauchão notícia nacional, imagine. Porém, por mais disruptivo que fosse uma decisão em dois clássicos entre os desafiantes, a vida real não autoriza animação para esta hipótese.
Grêmio e Inter são favoritos, como acontece desde que a capacidade de investimento dos dois descolou do restante no contexto. Ou seja, há muitíssimo tempo.
Toda vez que um dos dois é surpreendido por uma eliminação precoce, a crise se abate de forma contundente e o restante do ano paga o preço.
Em 2025, ano em que o Grêmio tenta o octa inédito e o Inter a voltar a levantar uma taça, a diferença para os demais aumentou em proporções nunca antes vistas pelos pagos.
O Juventude, com bravura e trabalho de excelência, consegue colocar em perigo esta hegemonia. O Caxias, caso seja finalista, será a mais inusitada notícia da competição.
Um clube da Série C tirando um da Série A e depois sendo campeão contra outro de primeira divisão nacional, que manchete!
Realidade prévia aponta favoritismo colorado
Neste sábado (22), a realidade prévia aponta para uma vitória colorada, ainda que com alguma dificuldade imposta pela tradição e a resiliência do time de Luizinho Vieira.
O Inter não tem Alan Patrick nem Wesley e nem Borré, seu potencial ofensivo diminui consideravelmente, mas a reposição não é um oceano de perda técnica.
Roger Machado viu seu time fazer a melhor partida no ano justamente na mais difícil. O Inter não venceu o Gre-Nal mesmo sendo superior como foi na casa do rival.
Antes e depois, as atuações são menores em desempenho do que o melhor momento vivido no Brasileirão 2024 já com Roger no comando.
Gustavo Prado à disposição enriquece o banco. Bruno Henrique na vaga de Thiago Maia, que finalmente saiu para o Santos, não significa automaticamente fluidez no meio-campo.
Ao mesmo tempo, peça por peça, do goleiro ao antigo ponta-esquerda o Inter tem mais qualidade do que o Caxias, o que não impediu o time supostamente inferior de eliminar o gigante ou sobre ele ser campeão, como o próprio Caxias contra o endinheirado Grêmio de 2000.
As diferenças entre Grêmio e Juventude
O Juventude foi campeão gaúcho batendo o Inter, mas já eliminou o Grêmio de fase semifinal do Gauchão.
Recentemente, aliás, embora os times já estejam completamente diferentes, os jaconeros acumulam bons resultados contra os gremistas.
Em Porto Alegre, Brasileirão do ano passado, o Grêmio alcança o empate no modo aleatório, gol contra de João Lucas nos acréscimos.
Creio que a própria torcida do Juventude reconhece a superioridade da qualidade do elenco do Grêmio, o que não quer dizer nada além do sentido de cada palavra desta frase.
Um time se faz de qualidade individual, sim, e também da liga que o treinador consiga estabelecer entre os jogadores que tem à disposição.
Quinteros tem este desafio diante da leva de reforços de última hora que recebeu. Não treinaram 10 dias juntos ainda, todos eles.
Fábio Matias não conta com um combo de novas contratações no último dia da janela e teve que remontar seu time titular com uma quantidade imensa de perdas de uma temporada para outra. Foi bem-sucedido na empreitada.
Não tivesse se desconcentrado na penúltima rodada em Santa Cruz deixando pelo caminho dois pontos contra o Avenida, seria ele, Juventude, o dono da melhor campanha e esta coluna estaria tratando de dois Gre-Nais e dois Ca-Jus nas semifinais.
O fato de decidir em Caxias do Sul aumenta as chances do Juventude, o que nem assim desfaz o que me parece ser favoritismo do Grêmio.
Hora do quem é quem
Neste fim-de-semana, começa a hora do quem é quem. A lógica projeta Grêmio x Inter a decidir o Gauchão que tanto valor tem para um e outro em 2025.
No entanto, não há em vermelho ou em azul a confiança plena de que as semifinais são só um rito de passagem até a decisão do campeonato.
Gremistas e colorados por certo temem um insucesso precoce que despertaria uma crise do peso dos seus escudos antes do Brasileirão, da Libertadores e da Sul-Americana.
Não há ninguém de cola erguida nos quatro jogos que, a partir deste sábado, vão determinar quem estará nas finais daqui duas semanas.