Era a quinta rodada do Brasileirão 2018, primeira quinzena de maio. Devastador nos dois jogos anteriores, um de Libertadores e outro de Brasileirão, o Grêmio encantava o país com passes e mais passes e uma quantidade de gols que apavorava os zagueiros do Brasil e da América do Sul. O meio-campo começava por Maicon e Arthur, não havia quem lhes tirasse a bola. O que se via, tal qual um desfile impecável de Sapucaí, era futebol de primeira, virtuoso.
Do outro lado, vindo de uma derrota indiscutível para o Flamengo no Maracanã, o Inter se dirigia para o clássico da Arena como boi para o matadouro. Ninguém duvidava da vitória do Grêmio, só não se sabia o tamanho da goleada.
Odair Hellmann, então, percebeu que havia duas coisas em jogo. O futuro do time: se viesse a segunda derrota consecutiva, o Inter já teria de pensar em evitar risco de rebaixamento. A outra: o próprio emprego. O técnico tinha sido efetivado no final de 2017 e veria interrompida a trajetória promissora. Para evitar o pior, montou uma das mais deslavadas retrancas já vistas no clássico e arrancou um 0 a 0 que lhe serviria de salvo-conduto para dar novo rumo à campanha.
É verdade que houve três pênaltis a favor do Grêmio (três!), e o árbitro Wilton Pereira Sampaio não marcou nenhum. Acontece, já foi exatamente assim em algum momento da história do clássico, só que invertido. O fato é que Inter e Odair sobreviveram e, ao final do ano, comemoraram o terceiro lugar no Brasileirão e a vaga direta na Libertadores 2019.
Não se passou um ano desde aquele Gre-Nal, e o contexto do próximo encontro mudou bastante. Agora, a direção colorada se autoriza até a anunciar que vai para o clássico sem os titulares, em protesto contra a punição exagerada a Nico López. Seria impensável cogitar time reserva lá atrás. Odair, imagine, vai usar o Gre-Nal para dar ritmo a suplentes... alguns deles com potencial de titular. É o caso de Nonato no meio, que poderá ter a parceria promissora do argentino Sarrafiore.