![Ricardo Stuckert / Presidência da República / Palácio do Planalto Ricardo Stuckert / Presidência da República / Palácio do Planalto](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/4/3/2/6/4/0/5_5357719ad1d9485/5046234_b72eebb14156560.jpg?w=700)
Após dois anos de estímulo à produção de biocombustíveis e promessas de tornar o Brasil uma referência mundial em política ambiental, o governo Lula foi apresentado ao primeiro teste sobre a convicção de seu "plano verde". Diante da alta nos preços do óleo de cozinha, o presidente anunciou publicamente que cobrará explicações do setor para entender se o uso de grãos para produção de combustíveis provocou um desequilíbrio nos mercados de soja e milho.
A declaração repercutiu rapidamente, gerando descontentamento entre produtores que até agora receberam amplo apoio do governo na pauta. Nos próximos dias, representantes do setor farão rodadas de conversas com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros auxiliares de Lula para argumentarem que não há relação entre as questões, e que o governo precisa enxergar o amplo efeito que uma mudança de rumo provocaria.
Um dos argumentos do setor é sobre a necessidade de se enxergar toda a cadeia produtiva. Após o esmagamento da soja, 80% do produto final é farelo, usado em ração animal. A produção de biodiesel, portanto, ajuda a reduzir o custo de produção de proteína, impactando no preço da carne.
— O problema no preço do óleo nos supermercados foi a alta do dólar e a quebra na última safra. Daqui a alguns dias, começa a entrar a nova safra e os preços vão cair. O governo precisa olhar para o médio e o longo prazo, enxergar toda a cadeia e a necessidade de dar segurança para quem investe - argumenta o diretor-executivo da FPBio (Frente Parlamentar Mista do Biodiesel), João Henrique Hummel.
No final do ano passado, Lula sancionou a Lei do Combustível do Futuro, que estabelece o aumento da mistura de etanol e de biodiesel à gasolina e ao diesel, além de criar programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano.
Os próximos dias serão de reuniões e mais reuniões em busca de uma explicação para o aumento do preço do óleo de cozinha. Diante da urgência do governo em reduzir o custo dos alimentos, a política verde continuará intacta?