Depois de ser criticado por tirar férias no final do ano, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou um segundo período previsto para os próximos dias e estreou a primeira segunda-feira de 2025 desmentindo uma especulação nascida de apostas nacionais contra o real.
Depois de uma reunião cedo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad teve de negar intenção de aumentar a tributação das remessas de dólares ao Exterior. A adoção desse tipo de medida intervencionista e artificialista começou a ser especulado no auge da saída de recursos do país, em meados de dezembro, quando a cotação fechou em R$ 6,267.
Segundo Haddad, "não existe possibilidade" de o governo federal elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para conter a alta do dólar.
— Não existe discussão sobre mudar o regime cambial no Brasil e nem de aumentar imposto com esse objetivo.
O IOF incide sobre as remessas e há quem acredite que poderia moderar a saída porque encareceria o processo. Especialistas em câmbio, porém, ponderam que poderia ter impacto inverso – como alguns veem o efeito líquido do choque de juro.
Nesta segunda-feira (6) em que o dólar cai quase 1%, para R$ 6,217, Haddad deu as declarações tranquilizadoras que se esperam de qualquer ministro da Fazenda:
— Tem um processo de acomodação natural. Houve um estresse no fim do ano passado no mundo todo e aqui também no Brasil.
Como se sabe, o estresse foi acima da média no Brasil, em boa parte pelo erro do governo na apresentação do pacote de corte de gastos. Haddad não disse, porém, o que se especula sobre a reunião na primeira segunda-feira do ano e da volta não planejada a Brasília: para não depender de Trump, a única forma de manter o dólar sob controle é adotar novas medidas de cortes de gastos.