Enfim, a semana foi de alívio para o real frente ao dólar. É verdade que a moeda americana perdeu força globalmente pela possível suavização da política tarifária de Donald Trump, mas no Brasil houve tombo maior.
O real é a segunda moeda que mais se valorizou em uma lista de 118 nos primeiros 24 dias do ano, empatado com o peso da Colômbia. As duas moedas ganharam 5,3%, só atrás do rublo russo, que se apreciou 9,8% (veja tabela no final do texto).
O levantamento é da Austin Rating, com base em dados da Ptax, taxa média de câmbio do Banco Central (BC), não de fechamento. O dólar encerrou esta sexta-feira (24) em R$ 5,918, variação para baixo de 0,13%. Durante o dia, porém, alcançou a mínima de R$ 5,867.
A queda é, de novo, atribuída a Trump. Havia expectativa de que o republicano aumentasse as alíquotas sobre produtos importados logo no primeiro dia do novo governo. Como isso não ocorreu, o resultado foi o oposto.
Em entrevista à Fox News na quinta-feira (23), Trump disse que prefereria não "ter de impor" tarifas à China. Em resposta, o porta-voz do Ministério do Exterior chinês, Mao Ning, afirmou na sexta-feira que a cooperação comercial e econômica entre China e EUA "é mutuamente benéfica e vantajosa para todos".
Analistas avaliam que Trump absorveu os argumentos de que uma elevação drástica das tarifas geraria aumento de inflação. Com preços em alta, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) teria de manter o juro mais alto, o que atrairia mais investidores ao país e, por consequência, fortaleceria o dólar.
Conforme o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, a causa interna — a percepção de risco fiscal do Brasil — ainda limita maiores projeções de queda do real.
— Um novo pacote de corte de gastos que consiga recuperar a credibilidade pode fortalecer o real, e os investidores voltarão ao Brasil com força, até para aproveitar o nível de juro ainda maior.
*Colaborou João Pedro Cecchini