Caso avance uma eventual fusão entre Azul e Gol, 65% dos voos domésticos do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, ficariam concentrados em uma única empresa. Conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Azul e Gol dominam cerca de 60% do mercado nacional.
É bom lembrar que a concentração de slots (direito de pousar em e decolar de aeroportos) em uma única empresa é um dos pontos que faz especialistas considerarem a negociação difícil. As informações da Anac são de 2023 para evitar possíveis distorções provocadas pela enchente, que manteve o Salgado Filho desativado por quase seis meses.
No aeroporto Hugo Cantergiani, de Caxias do Sul, a empresa que pode surgir a partir da fusão entre Azul e Gol teria 75% de participação em voos domésticos. Em Passo Fundo, o grupo concentraria 66% das opções. Como a Latam tem pouca atividade em Pelotas, a negociação criaria uma gigante responsável por 96% das operações no sul do Estado.
A Azul afirma ter assinado, com a controladora da Gol, um "memorando de entendimentos (MoU) não vinculante para alinhar termos e condições para uma potencial combinação de negócios". Não vinculante quer dizer que não é definitivo. As tratativas podem evoluir até desembocar na união, ou parar no meio do caminho.
Para os consumidores, a possibilidade tem duas leituras: fortalece uma companhia majoritariamente nacional — a Latam tem capital chileno —, mas estreitaria ainda mais as já escassas escolhas de quem compra passagens aéreas.
*Colaborou João Pedro Cecchini
Leia mais na coluna de Marta Sfredo
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