A coluna já constatou que um dos principais instrumentos de planejamento no país, o Relatório Focus, chamado informalmente de "consenso de mercado", errou quase tudo em 2024. Mas como apesar disso, ainda é um referencial para a tomada de decisões, é bom seguir prestando atenção.
Nesta segunda-feira (6), o Banco Central (BC) apresentou o primeiro relatório em que 2025 já é o foco, embora o ano passado siga nas apostas por ter indicadores ainda não fechados. Há duas pioras sem condicionantes previstas para este ano: a da inflação, que sobe de 4,89% para 4,99%, e a do juro, que decolou de 12%, na última projeção de 2024, para nada menos de 15% neste ano.
Mas também há uma piora relativa e uma "melhora" – entre aspas porque é muito discreta. O primeiro caso é o da estimativa mais frequente para o crescimento do PIB, que sai de 3,49% em 2024 para 2,02% neste ano. O segundo é o do dólar, de R$ 6,05 para R$ 6.
É quase nada, mantém R$ 6 como "piso" do câmbio neste ano, mas é algo: ao menos, não há perspectiva de nova disparada, ao menos até agora. Sobre a origem do principal ponto de tensão econômica dos últimos meses, as contas públicas, a mediana (mais frequente) das projeções é pessimista: o déficit primário deve aumentar de 0,5% do PIB em 2024 – ao redor de R$ 50 bilhões – para 0,6% neste ano.