O governo espanhol rescindiu unilateralmente um contrato de compra de munição com uma empresa israelense que causou fortes tensões dentro da coalizão de esquerda no poder, informaram fontes governamentais nesta quinta-feira (24).
O Partido Socialista, do presidente de governo, Pedro Sánchez, e seu parceiro de esquerda radical, Sumar, "estão firmemente comprometidos com a causa palestina", disseram as mesmas fontes ao explicar a decisão.
"Por esse motivo, desde 7 de outubro de 2023, a Espanha não compra nem vende armas para empresas israelenses. E não o fará no futuro", acrescentaram.
A Espanha prometeu suspender a compra e venda de armas com Israel após o início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
Assim, o Ministério do Interior anunciou no ano passado que havia iniciado o processo de rescisão da adjudicação a uma empresa israelense de um contrato para compra de munição para a Guarda Civil.
Mas o mesmo ministério indicou na quarta-feira que teria que avançar com este contrato com a empresa israelense IMI Systems por 6,8 milhões de euros (cerca de 43,8 milhões de reais), depois que os serviços jurídicos do Estado desaconselharam o seu cancelamento.
"O cancelamento significaria pagar o preço à empresa sem receber o material", acrescentaram.
O contrato foi publicado na plataforma de divulgação de licitações públicas na última sexta-feira, em plena Semana Santa, quando boa parte do país estava de férias.
A informação provocou indignação na esquerda radical, cuja principal líder, Yolanda Díaz, segunda vice-presidente do governo, voltou a exigir nesta quinta-feira o "cancelamento de um contrato que nunca deveria ter existido".
O governo "decidiu rescindir unilateralmente o contrato de compra de munição com a empresa israelense", disseram fontes governamentais sobre o cancelamento definitivo, acrescentando que tanto o Ministério Público quanto os ministérios envolvidos "já estão estudando possíveis respostas e reivindicações legais".
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* AFP