No dia seguinte aos comunicados oficiais de uma negociação para uma eventual fusão entre Azul e Gol, as ações das companhias aéreas dispararam na bolsa de valores. A maior alta foi das ações da companhia com logomarca laranja, de 4,29%, mas a eventual futura parceira também subiu 3,63%.
Como a coluna havia observado, a eventual fusão é uma forma de enfrentar a crise financeira das companhias. Mas nesta quinta-feira (16), o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, foi mais direto e menos diplomático: disse que a fusão será positiva, porque o pior cenário seria o em que as duas empresas "quebrassem".
A expectativa das companhias aéreas é unir operações para reduzir custos administrativos e ganhar mais musculatura na negociação no leasing (espécie de aluguel de longo prazo) das aeronaves.
É possível que a fusão enfrente restrições do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade), porque obviamente representará forte concentração de mercado. Mas o argumento do ministro poderá atenuar eventuais regras mais duras a serem impostas. Isso tudo, claro, se a negociação evoluir.
As íntegras das notas
Da Azul
"A Azul e a Abra, investidora majoritária da Gol e da Avianca, anunciaram hoje que assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) não vinculante com a intenção de combinar seus negócios no Brasil. A estrutura pretendida, resultado de uma combinação da Azul e da Gol, posicionará o Brasil em um nível maior de força global em um setor altamente globalizado. O objetivo da combinação de negócios é promover o crescimento da indústria aeronáutica brasileira, por meio de mais destinos, rotas, conectividade e serviços aos consumidores, com aumento da oferta de voos domésticos e internacionais. As duas empresas têm aproximadamente 90% de rotas complementares e não sobrepostas. Embora o MoU preveja a unificação da estratégia, espera-se que as companhias aéreas mantenham seus certificados operacionais e, portanto, suas marcas e operações separadas.
O MoU, que inclui acordos de governança e estrutura de capital, formaliza a intenção da Azul e da Abra de avançar com os próximos passos em uma combinação de seus negócios e marca o início do processo de aprovações regulatórias. A intenção de materializar sinergias entre as malhas aéreas e o uso das frotas da Azul e da Gol resulta em benefícios para o consumidor, como mais opções e produtos; e para o Brasil, com o aumento de novos destinos atendidos pela aviação brasileira.
"A Azul foi criada com o objetivo de expandir o mercado aéreo brasileiro, buscando aumentar o acesso dos brasileiros às viagens aéreas, independentemente de onde estejam no país, por meio da ampliação da conectividade. Essa combinação de forças proporcionaria a oportunidade de fortalecer o setor, aumentando o número de voos oferecidos, alcançando mais de 200 cidades atendidas no Brasil e a capacidade de competir em um setor altamente globalizado", afirma o CEO da Azul, John Rodgerson. "O aumento da conectividade e a criação de empregos são alguns dos muitos resultados positivos esperados deste acordo, além de oferecer um serviço de alta qualidade e a busca pela melhor relação custo-benefício para o consumidor", acrescenta.
A combinação proposta representa um grande desenvolvimento para a indústria aeronáutica nacional e para toda a atividade econômica facilitada por um modal de transporte de extrema importância para um país continental. Com mais de 220 milhões de habitantes e cerca de 110 milhões de viagens aéreas por ano, o mercado brasileiro é menos desenvolvido que o de vários países vizinhos e tem enorme potencial de expansão. O MoU anunciado hoje busca desenvolver a indústria de maneira acelerada.
As partes concordaram com um princípio comercial segundo o qual qualquer combinação resultará em um nível de alavancagem líquida da entidade combinada que será, no mínimo, comparável ao nível de alavancagem líquida da Gol no momento da Operação e após a consumação de seu plano de reorganização.
O fechamento da Operação está sujeito à concordância entre a Abra e a Azul quanto aos termos econômicos da Operação, à conclusão satisfatória da due diligence, à celebração de acordos definitivos, à obtenção de aprovações corporativas e regulatórias (inclusive da autoridade antitruste brasileira), ao cumprimento das condições habituais de fechamento, à consumação do plano de reorganização da Gol no âmbito do Chapter 11 e ao recebimento, pela Abra, da devida contraprestação correspondente."
Da Gol
"A GOL Linhas Aéreas Inteligentes S.A. (B3: GOLL4) (“Companhia” ou “GOL”), uma das principais companhias aéreas do Brasil, em atendimento ao artigo 157, parágrafo 4º, da Lei nº 6.404/1976 e à Resolução da Comissão de Valores Mobiliários (“CVM”) nº 44/2021, informa aos seus acionistas e ao mercado em geral que a Companhia recebeu notificação da Abra Group Limited ("Abra"), maior credora e principal investidora da GOL e da Avianca Group International Limited, uma das principais companhias aéreas da Colômbia, Equador e América Central, informando que a Abra e a Azul S.A. ("Azul") assinaram, na presente data, Memorandum of Understanding (Memorando de Entendimentos) (“MoU”) não vinculante com o objetivo de explorar uma combinação de negócios no Brasil. A GOL não é parte do MoU. A GOL destaca que o MoU anunciado na presente data representa uma fase inicial de um processo de negociação entre a Abra e a Azul para explorar a viabilidade de uma possível transação. O acordo não tem impacto na estratégia, na condução dos negócios ou nas operações rotineiras da GOL. A Companhia continua focada em concluir as etapas restantes dos seus procedimentos do Chapter 11 em andamento, com o objetivo de emergir de seu processo de reestruturação como uma companhia independente e capitalizada. Conforme previsto no MoU, tal transação estaria sujeita à consumação do plano de reorganização no âmbito do procedimento de Chapter 11 da GOL, bem como a outras condições e aprovações para o fechamento a serem negociadas em conexão com a potencial transação. De acordo com os termos do MoU, caso tal transação venha a ser consumada, é esperado que as duas companhias mantenham suas marcas e seus certificados operacionais de forma independente. A Abra e a Azul também concordaram no MoU com um princípio comercial de que qualquer combinação resultará em uma alavancagem líquida da entidade combinada que será pelo menos comparável à alavancagem líquida da GOL imediatamente antes do fechamento da potencial transação."