Mesmo em momento de alta no petróleo, não houve rejeição do mercado à decisão da Petrobras de baixar 4,1% o preço da gasolina - com consumo nacional e global em queda - e subir 6,58% o do diesel, que tem aumento de demanda.
Nesta sexta-feira (20), as ações da estatal abriram em alta acima de 1%, mas antes do final da manhã inverteram para queda no mesmo patamar, em sinal de reação ambígua.
Uma respeitada consultoria do segmento, a Argus, observa que "não haveria espaço para reduzir os preços com base nas cotações atuais no mercado internacional". Pondera que "a redução do preço da gasolina parece ser motivada pela situação atual de oferta e demanda doméstica". Portanto, diz ver "fundamentos de mercado" na decisão.
A Argus lembra que a a nova estratégia de preços da Petrobras leva em consideração as alternativas e a concorrência no mercado interno. E acrescenta que, diante do cenário de expansão do consumo de etanol hidratado, há recuo na demanda por gasolina.
No cenário global, a troca de estações também muda o protagonismo no mercado de combustíveis. No Hemisfério Norte, onde se concentra a demanda, termina a chamada "drive season" - aumento no consumo de gasolina porque pessoas saem em férias - e começa a temporada de calefação, quando aumenta o consumo de diesel para essa finalidade.
No vaivém das ações, pesaram declarações do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, de que pretende retomar negócios com a Venezuela depois do alívio do embargo dos Estados Unidos. A iniciativa é vista com cautela porque a decisão dos EUA é restrita a seis meses e depende da realização de eleições livres, há dúvidas sobre a capacidade de aumento da produção de petróleo no país sul-americano, que ainda está fragilizado, e outras incursões brasileiras na Venezuela resultaram em prejuízo.
Mesmo depois de algum ruído com a nova "estratégia comercial" da Petrobras e das preocupações com a política de distribuição de dividendos, nesta semana a estatal alcançou o maior valor de mercado desde 2012, de R$ 525,1 bilhões. A atual formação de preços é considerada difícil de entender, mas a coluna ouviu que "não tem atrapalhado muito". O recorde anterior era de R$ 520,6 bilhões, em 21 de outubro de 2022.