Onze a cada 10 executivos falam em transformação digital, mas pesquisa da ISE Business School, escola de educação executiva associada à espanhola Iese, apontou que a metade dos profissionais de liderança de grandes empresas brasileiras admitem ter baixo ou médio conhecimento sobre o assunto, mesmo considerando "muito importante" para os negócios.
O levantamento é baseado em autoavaliação. Dos 196 executivos ouvidos, 33,6% acreditam ter informação baixa ou média em relação a tecnologias digitais, e estão buscando formas de ampliar o conhecimento. Somados a outros 12,4% que assumem baixo conhecimento, formam quase metade dos ouvidos.
A pesquisa ouviu profissionais da alta direção de companhias da indústria, serviço e setor financeiro. Conforme o trabalho, liderado pelo professor Ricardo Engelbert, diretor dos Departamentos de Empreendedorismo, Operações, Tecnologia e Informação do ISE, 38% dos executivos consideram a transformação digital muito importante, enquanto 51% a avaliam como muitíssimo importante.
— Como é uma autoavaliação, pode ser que o respondente julgue não saber tudo sobre tecnologia, o que não significa que ele não saiba o suficiente para exercer sua função. Revela um pouco de ansiedade das pessoas com tanta novidade que surge a todo momento — analisa o professor Engelbert.
Outro dado interessante apontado pela pesquisa trata das áreas nas quais a transformação digital tem sido mais aplicada: os segmentos de operações e produção (79,6%), ao lado do comercial e vendas (76,1%). Dos participantes, 55% ocupam cargos de direção em empresas com faturamento anual superior a R$ 500 milhões.
— A primeira ideia é 'se vamos investir, vamos aplicar em algo que pode trazer retorno mais rápido'. Então, o objetivo é usar a tecnologia para ganhar eficiência, criar um novo canal, ou gerar valor para o cliente. Fica claro que algumas áreas, como recursos humanos, ainda têm um espaço muito grande para ocupar — acrescenta Engelbert, mencionando que a pesquisa indicou ainda que nessa área, a transformação digital só é aplicada em 31,9% dos casos.
Além do Brasil, o levantamento foi feito no Peru, no Uruguai e em Portugal. Ainda que existam diferenças no porte das empresas que tiveram informações analisadas, Engelbert identifica menor velocidade no Peru e no Uruguai em relação a Brasil e Portugal. O professor afirma que, tanto aqui como no país europeu, o termo "transformação digital" está caindo em desuso por ter se tornado muito "batido".
— É mais uma questão de você estar preparado para a mudança que vai continuar ocorrendo que definir um destino fechado. Transformar, no final, é sair de uma forma e ir para outra. Então, o que precisamos é adaptar e evoluir constantemente — define Engelbert.
* Colaborou Mathias Boni