Pesquisa realizada em empresas pela Evermonte Executive Search, especializada em recrutamento executivo mostra que 0s conceito ESG (governança corporativa, social e ambiental) seguem bem longe da prática corporativa do dia a dia.
Para 9,6% das empresas - uma minoria, ainda bem - as práticas ainda não são uma preocupação. Para 26,4%, riscos ambientais e sociais estão apenas em análise e em 23% os projetos não passaram do estágio de desenvolvimento de estratégias.
Para Felipe Ribeiro, sócio e cofundador da Evermonte, os obstáculos se devem aos investimentos necessários e à ansiedade e à pressão por resultados de curto prazo, especialmente para empresas da indústria de base, de médio porte e com governança familiar.
— Em muitos casos, a implementação é adiada porque essas empresas não sofrem a pressão de mercado que sofrem as grandes companhias de capital aberto, e por enfrentar com mais dificuldade os cenários de maior austeridade econômica — avalia.
Como antídoto a essa tendência, Ribeiro sugere que a agenda ESG seja introduzida por meio de iniciativas graduais, como a aceleração do processo de governança corporativa, novos critérios de seleção de colaboradores e adoção de práticas introdutórias de sustentabilidade.
— Em vez de desenhar projetos robustos, complexos ou amplos demais, um bom passo inicial é buscar o apoio de especialistas externos que sistematizem um passo a passo menos agressivo, formando a cultura da empresa até que o conceito tome força — recomenda.
Ao menos no médio prazo, adverte Ribeiro, todas as empresas terão que aderir a mínimas práticas ESG, não por sua própria vontade, mas por imposição de sua cadeia produtiva - clientes ou fornecedores - e dos consumidores.
— Falar em ESG como conceito completo também é difícil, pois envolve três temas que têm abordagens diferentes em cada empresa. Uma indústria, por exemplo, pode estar avançada na governança e no social, com programas de inclusão na comunidade onde atua, mas em temas ambientais pode ter um desafio maior, ligado à própria origem das matérias-primas — constata.
Ainda segundo a Evermonte, segmentos industriais costumam sofrer impactos de custos e de produtividade mais imediatos, e por isso entender que eventuais prejuízos imediatos representam investimento para obter resultados em prazo mais longo. Nas empresas de serviços e de varejo, a pressão para a adesão à agenda ESG vem diretamente do consumidor, com potenciais abalos de marca e de imagem caso haja retardo excessivo.
* Colaborou Mathias Boni