Houve ceticismo quando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que a Shein havia se comprometido a nacionalizar 85% de suas vendas em quatro anos - inclusive por parte da coluna.
Uma semana depois, começam a surgir informações sobre a negociação da empresa chinesa com grandes fabricantes nacionais, mais exatamente um dos maiores, a Coteminas, dona das marcas Artex, Santista, M.Martan e Casa Moysés, entre outras.
Conforme apuração do jornal Valor Econômico, além da gigante têxtil brasileira, outras empresas nacionais assinaram pré-contratos preliminares de fornecimento à Shein, como a Santanense, também mineira, cujas ações na bolsa quase quintuplicaram de valor (alta de 396% em dois dias) com a informação sobre a aproximação com o marketplace.
Além de pré-acordos com a Shein, as duas empresas têm em comum uma situação financeira delicada, que já compromete o pagamento dos funcionários. Um unidade da Coteminas em Blumenau com cerca de 1,5 mil funcionários teve dois episódios de atrasos salariais, em fevereiro e neste mês. A indústria é comandada por Josué Gomes da Silva, filho do ex-presidente José de Alencar nos dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva e atual presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Agora ficou claro, inclusive, que Gomes da Silva foi o artífice do encontro de Haddad com a direção da Shein no Brasil apenas dois dias depois do revés na tentativa de fechar a brecha tributária que permite comprar online de China e Cingapura sem pagar impostos. As ações da Springs Global, controlada pela Coteminas e consideradas as de liquidez do grupo, quase dobraram de valor (alta de 96%) com as informações sobre o pré-acordo. Como o forte da Shein é vestuário, um dos focos do acerto seria a base de 2 mil confecções parceiras da Coteminas.
A coluna espera que, em seguida, venham os investimentos de R$ 750 milhões em tecnologia e os 100 mil empregos prometidos em carta a Haddad assinada pelo CEO da Shein, Yaning Liu, e pelo chairman para a América Latina, Marcelo Claure (imagem abaixo).
Curiosidade: Fundado na China em 2008 por Chris Xu com o nome ZZKKO, o marketplace começou com vestidos para casamento. Depois de ampliar para moda feminina, em 2012 mudou o nome para SheInside, e em 2015, virou Shein. Por isso, em tese, a pronúncia seria "xiín", mas o grupo já "abrasileirou" para "xêin". Só não é, mesmo, "xáin", como muitos pronunciam no Sul por influência da imigração alemã.