Alguns leitores perguntaram à coluna por que a imprensa dá tanta atenção ao caso das joias cobiçadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para explicar com didatismo, a coluna fez as contas: o conjunto de diamantes avaliado em R$ 16,5 milhões que foi alvo de pelo menos oito tentativas de liberação - uma das quais na véspera da viagem do ex-presidente aos Estados Unidos - corresponde a 5,5 vezes o valor estimado do triplex no Guarujá ou a 9,5 vezes o sítio de Atibaia, bens atribuídos ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Depois dessa estimativa, a coluna fez uma pesquisa: entrou 9,8 mil menções a "triplex do Guarujá" e 10,5 mil a "sítio em Atibaia" em GZH. Como às vezes as expressões não estão necessariamente escritas dessa forma, o número exato pode ser ainda maior. Mas é importante trazer essa ideia para refrescar a memória - inclusive a de nós, jornalistas - sobre como a relação de ex-presidentes com suspeitas de atos irregulares já demandou atenção.
É bom lembrar, também, que Lula foi condenado à prisão por nove anos e meio pelo caso do triplex e a 12 anos e 11 meses no caso do sítio. Cumpriu 580 dias - um ano e meio - até que as sentenças caíssem porque o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou "parcial" o à época juiz Sergio Moro. Lula nunca morou no triplex, tal como Bolsonaro nunca teve a posse das joias de R$ 16,5 milhões.
Por algum tempo, o conjunto de diamantes chegou a estar listado entre os bens pessoais que o ex-presidente pretendia levar do Planalto. Em depoimento à Polícia Federal na sexta-feira (10), a servidora do Planalto Priscila Esteves das Chagas confirmou ter chegado a catalogar o pacote de joias femininas no acervo de Bolsonaro. Depois de mencionar ter recebido ordens para fazê-lo, disse que a inclusão foi iniciativa sua. Ainda há muito por investigar. Depois de passar de 151 mil menções, talvez haja razão em reclamar do excesso de atenção - isso sem mencionar o outro conjunto que Bolsonaro admitiu estar sob sua posse.