Às 16h35min, mudou o humor do mercado financeiro. A bolsa de valores, que até então se movimentava em terreno positivo, mas sem muita disposição, acentuou a subida. Chegou a acelerar até 1,7%, mas acabou fechando com alta moderada, de 0,81%. O dólar fechou com baixa de 0,64%, em R$ 5,30.
A bolha de otimismo ocorreu em véspera de feriado, quando normalmente os investidores gostam de adotar cautela, e no dia em que a bolsa de Nova York operou com pouco entusiasmo e acabou fechando em baixa de 0,63% (no Dow Jones, o índice mais tradicional).
O comportamento de Nova York, aliás, foi determinante para furar a bolha nacional. Na medida que o Dow Jones mergulhava, desinflava o Ibovespa. O horário de início da animação combina com o anúncio de novos nomes da equipe de transição, mas segundo analistas não tem relação de causa e efeito. O apetite de investidores e especuladores teria sido ativado por uma expectativa de apresentação de uma PEC da Transição mais moderada.
No sábado, Wellington Dias, governador do Piauí e espécie de "enviado especial" do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, para discutir o orçamento de 2023, havia confirmado que a intenção era mesmo de liberar R$ 175 bilhões do teto de gastos. É uma esperteza: além do que de fato não está previsto na proposta de lei orçamentária enviada ao Congresso, a decisão retiraria do limite o que já está - R$ 105 bilhões para bancar R$ 405 mensais.
Além disso, havia dúvida se a proposta seria para os próximos quatro anos de mandato ou com prazo indefinido. Depois da confirmação de Dias, o atual chefe da Casa Civil do governo Bolsonaro, que vai retomar sua cadeira no Senado com o final de mandato, havia divulgado nota em que apoiava o pedido de verba extra para manter o pagamento de R$ 600 no Bolsa Família, que considerou "correto e republicano". Mas afirmou que a "licença para gastar" deveria ser liberada apenas para 2023. O orçamento dos anos seguintes deveria ser discutido com a nova composição do Congresso, que assume em fevereiro.