O jornalista Anderson Aires colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Um dia após Donald Donald Trump ameaçar demitir o presidente do Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, Jerome Powell, o diretor do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hassett, reforçou ontem que o republicano e sua equipe continuam considerando essa possibilidade.
O ataque parece um dos tantos blefes da segunda gestão do presidente dos EUA, mas mostra mais um flerte com o fim da independência de instituições americanas, além de certa semelhança com o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Logo após a posse, em 2023, Lula e seu primeiro escalão fizeram ataques coordenados ao então presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. No centro da ofensiva estava o discurso de que o não corte do juro básico prejudicava a economia do país e deveria ser revisto.
Agora, Trump parece fazer o mesmo quando chama Powell de lento no processo de corte de juro, mas com um agravante institucional quando ameaça o mesmo de demissão — algo que não pode fazer de maneira monocrática. O Chefe do Executivo dos EUA não tem o poder de demitir diretamente os presidentes do Fed.
Para tentar esse pleito, teria que iniciar processo não tão simples e atestar que o chefe do Fed cometeu uma falha grave. O ataque de Trump a Powell acende um novo alerta sobre os riscos institucionais e econômicos provocados pelo republicano em meio ao vaivém dos tarifaços. Caso a interferência se confirme, é mais um ingrediente na salada de incertezas na economia global. Quebrar a autonomia do Banco Central americano pode abrir precedentes perigosos.
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No Brasil, Campos Neto rebateu algumas falas de Lula, defendendo que a atuação do BC era técnica. Agora, basta saber como será a postura de Powell diante dessa tentativa de fritura.
Antes das declarações de Trump e equipe, o chefe do Fed citou a tendência de aumento da inflação no país diante da política tarifária agressiva de Trump, o que obviamente não agradou o presidente americano.
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