Se passear para ver belezas que não estão no dia-a-dia já é bom, um passeio que ajuda animais em perigo é ainda melhor. Localizado na zona rural de Santa Maria, o Mantenedouro São Braz recupera e abriga animais desde 1995. Seu idealizador, Santos de Jesus Braz, passou os últimos 27 de seus 57 anos se dedicando ao criadouro como missão.
O projeto, que no nome também faz homenagem a São Brás, popularmente conhecido como "protetor da garganta", começou abrigando somente pássaros que cantam. Aos poucos, passou a acolher outras espécies. Hoje, há cerca de 600 animais de 134 espécies, o que faz do local uma das maiores instituições desse tipo no Brasil.
— Cada pessoa tem uma missão na vida, e a minha é essa. Eu tenho um amor incondicional pela natureza e pelos animais, e tenho me dedicado totalmente ao seu cuidado nessas últimas décadas — diz Santos Braz.
Segundo o idealizador, o mantenedouro é oficialmente certificado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) e pelo Ibama. Também participa de uma iniciativa chamada SOS Resgate de Fauna, que acompanha órgãos de fiscalização do Estado no resgate de animais atropelados ou vítimas de maus-tratos.
Após a promulgação da Lei Estadual 12.994/2008, que proibiu a exibição de animais em circos, muitos animais exóticos usados nas apresentações foram parar no mantenedouro, incluindo o único urso-pardo norte-americano que existe hoje no Rio Grande do Sul. Também há animais que antes estavam no Minizoo da Redenção, em Porto Alegre, fechado há mais de 10 anos. Vivem por lá, ainda, uma onça-pintada, capivaras, flamingos, serpentes, macacos, jacarés e araras, que os visitantes podem ver de perto, muitas vezes, pela primeira vez.
— A ideia é reabilitar os animais e os reintroduzir à natureza de uma forma segura. Não gostaríamos de ter ficado com nenhum dos que permanecem aqui, mas esses são os que não tinham mais condições de retornar à natureza, então ficaram para ser cuidados e visitados pelo público para sensibilizar e conscientizar as pessoas do quanto são importantes para o planeta — reforça Santos Braz.
Conforme o administrador, o projeto não recebe verba pública. É sustentado por doações e pela visitação do público, que pode conhecer o local em qualquer dia da semana, incluindo finais de semana e feriados. Os animais ficam divididos em 80 recintos, que podem ser observados com uma visita guiada explicativa oferecida pelos colaboradores, em sua maioria acadêmicos de cursos como Medicina Veterinária e Biologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) fazendo estágio voluntário.
— Recebemos muita gente aqui, incluindo escolas, famílias da comunidade e excursões de fora, da Capital e de outras regiões. O passeio tem um viés educacional, pois para nós é muito importante que as pessoas, principalmente as crianças, aprendam sobre o cuidado do ambiente e vejam os bichos em meio à natureza, sabendo que fazem parte de um ecossistema que precisa ser preservado para as futuras gerações — conclui Santos Braz.
Serviço: O Mantenedouro São Braz abre diariamente, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Os ingressos para a entrada e a visita guiada completa variam entre R$ 15 e R$ 20, dependendo da idade do visitante.
Essa seção inclui experiências acumuladas ao longo da pandemia e sugestões de leitores. Quem quiser indicar pequenos negócios que se tornam grandes passeios pelas atrações que oferecem, podem mandar pelos e-mails marta.sfredo@zerohora.com.br e mathias.boni@zerohora.com.br, ou deixar aqui nos comentários.
* Colaborou Mathias Boni