Como se esperava, a economia dominou o primeiro debate entre os candidatos ao governo do Estado na Rádio Gaúcha nesta manhã. O mesmo deve ocorrer na campanha nacional. Geração de emprego, investimentos em infraestrutura, adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RFF) e a educação como determinante de produtividade e desenvolvimento econômico e social concentraram a discussão.
Com oito candidatos, não foi possível aprofundar cada ponto. Foi uma espécie de carta de intenções de cada um. Ficou claro que o ex-governador Eduardo Leite será alvo preferencial. Mas se tem esse ônus, tem bônus: é o que mais domina os temas, por motivos óbvios, e consegue dar muitos dados em pouco tempo.
O fato de o Rio Grande do Sul ter registrado superávit de R$ 4,6 bilhões no primeiro semestre deste ano não significa que sobre dinheiro. O resultado positivo é resultado de receitas extraordinárias com privatizações, que não se repetirão, e da inflação, que parece boa para as contas públicas, mas não é. Funciona como uma espécie de maquiagem que infla números sem resolver problemas.
Mesmo assim, na campanha o orçamento do Estado parece infinito e flexível. Na realidade, despesas de custeio que absorvem quase toda a arrecadação. No passado recente, ficaram bem acima da receita, gerando déficits recorrentes.
Perguntas de eleitores e entidades empresariais deram ênfase a temas de infraestrutura, geração de empregos e tributos. Candidatos fizeram questão de levar ao debate o acordo fechado por Eduardo Leite (PSDB), com negociação iniciada por José Ivo Sartori (MDB), para adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).
A grande surpresa foi a manifestação de Onyx Lorenzoni (PL) sobre RRF. Questionou o valor da dívida, com base na cobrança de juro sobre juro, e afirmou que o acordo é "lesa-pátria". Ocorre que o credor do Rio Grande do Sul, portanto proponente do acordo do regime de recuperação e o ente que apresentou a conta, é o governo federal, ou seja, neste momento, o governo Bolsonaro. No aprofundamento do debate, Onyx terá de explicar melhor sua posição.
Não é o único: Leite terá de dar muitas explicações sobre o que fez e o que deixou de fazer. Ficou claro que, tanto por liderar as pesquisas quanto por ter comandado o Estado nos últimos anos, será o alvo preferencial dos adversários. Edegar Pretto (PT) será cobrado sobre a fonte de recursos para entregar "pesados investimentos para educação e saúde", além de "financiamento com juros atrativos para a cultura. Luis Carlos Heinze (PP) precisará indicar a viabilidade de sua promessa de zerar a fila do SUS no Rio Grande do Sul.
Vieira da Cunha (PDT) precisará detalhar como pretende garantir 35% do orçamento comprometido com despesas de custeio para a educação, além de recursos para atrair e manter empresas no Estado, sem elevar impostos. O mérito das três iniciativas, infelizmente, não garante sua viabilidade. Roberto Argenta (PSC) tem o tema de casa de calcular quanto pode somar a venda do Palácio da Hortênsias e a dos imóveis do IPE, que promete fazer para bancar boa parte de suas propostas.
Ao menos Vicente Bogo (PSB) deixou claro que até promessa de candidato tem limite: provocado por uma pergunta de ouvinte a a apontar uma forma de reduzir a carga tributária estadual sobre o diesel, um preço que incomoda muita gente, foi sincero: disse que não é possível reduzir ainda mais o ICMS, principalmente em um Estado já muito endividado. A Ricardo Jobim (Novo) caberá detalhar a proposta de tornar o ICMS gaúcho "o mais simples do Brasil".