No último dia 18 de julho, a Vulcabras, referência nacional do setor calçadista e de vestuário esportivo, completou 70 anos de fundação. A empresa mantém uma unidade em funcionamento em Parobé, o seu valorizado Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Calçados Esportivos.
Atualmente trabalham cerca de 650 colaboradores no centro, que, entre outros produtos inovadores, desenvolveu o Corre Grafeno da Olympikus, o primeiro tênis elaborado com placas de grafeno para corredores de alta performance no mundo. Além da Olympikus, marca própria da Vulcabras, a empresa também é a gestora brasileira de outras duas marcas esportivas internacionais de alcance global, a Under Armour e a Mizuno.
Hoje a Vulcabras tem cerca de 17 mil colaboradores. Além do centro em Parobé, a empresa tem uma sede administrativa em Jundiaí (SP), um centro de distribuição em Extrema (MG) e duas fábricas de produção, em Horizonte (CE) e Itapetinga (BA). Tendo obtido resultados históricos em 2021, a empresa “chega aos 70 anos na sua melhor forma”, como define Pedro Bartelle, CEO da companhia, e espera manter o ritmo de crescimento elevado em 2022.
Poderias resgatar um pouco do histórico de atuação da Vulcabras ao longo destes 70 anos?
A Vulcabras começa com o sapato 752, representando mês e ano de fundação, e foi um calçado muito conhecido no Brasil, principalmente nas décadas de 1970 e 1980. Em 1978, tivemos o primeiro contato com marcas esportivas, que hoje é a nossa especialização. A empresa começou trazendo para o Brasil a produção dos calçados esportivos Adidas, algo revolucionário para a época, e de lá pra cá, administramos praticamente todas as principais marcas esportivas mundiais, como Rebook, Puma, Asics, Lotto e várias outras. Em 2007, a Vulcabras se associa com a Azaleia, que era dona da Olympikus, e desde então vem administrando e dando muito destaque à marca, que hoje é líder em vendas de calçados esportivos no Brasil, e fazendo junto a gestão de outras marcas esportivas internacionais no país, a Under Armour desde 2018 e a Mizuno desde 2021. Nossos produtos buscam atender aos anseios de atletas profissionais e amadores em todos os níveis, com preços de calçados entre R$ 150 e R$ 1.800, e também com uma gama vasta de vestuário esportivo.
Qual a importância do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Calçados Esportivos para a empresa?
É o nosso coração de inovação. O centro de Parobé tem hoje 650 pessoas dedicadas à inovação, à criação e ao estudo de novas ferramentas e tecnologias. O Brasil é o quarto maior produtor de calçados do mundo, o único país produtor relevante fora da Ásia. O Rio Grande do Sul sempre foi uma grande referência em calçados — os gaúchos ensinaram muito bem os chineses nas últimas décadas. Aqui nós também temos tudo da mais nova tecnologia de produção de calçados, com uma mão de obra especializada que vem da nossa tradição de muitos anos de produção. Nós criamos e produzidos no Brasil as maiores tecnologias utilizadas nas duas marcas que administramos, Under Armour e Mizuno, em produtos de alta performance que passam dos mil reais, sem falar das produções da Olympikus.
Um destaque atual da Olympikus é o Corre Grafeno?
Sem dúvidas. A gente fez uma parceria com a Universidade de Caxias do Sul (UCS), que vinha desenvolvendo pesquisas com o grafeno, e passamos 18 meses desenvolvendo uma placa de propulsão feita com o material, que fora do país é feita com carbono, e a nossa é a primeira do mundo de grafeno, e hoje é um sucesso. O tênis Corre Grafeno foi testado também na USP, e hoje já está nos pés de vários atletas vencedores de maratonas internacionais pelo mundo. O produto custa R$ 699, é caro, mas é um produto para um nicho de alta performance, com uma tecnologia que as marcas internacionais utilizam em produtos que variam entre R$ 1,1 mil e R$ 1,5 mil. É difícil competir com os gigantes, mas somos líderes de mercado nesse segmento no Brasil, e trabalhamos ainda para cada vez mais ampliar nossa presença internacional. O Corre Grafeno é um dos destaques da Olympikus no momento, que é a nossa marca própria, mas temos também toda uma coleção completa de outros artigos nessa linha, além de vários outros produtos da marca que estão em grande demanda.
Como tu enxergas o mercado atual do calçado esportivo no Brasil?
O setor do calçado esportivo no Brasil vem crescendo muito, pois os calçados estão cada vez mais sendo usados não só para a prática esportiva, mas também no cotidiano das pessoas. A moda urbana, impulsionada pelo lifestyle dos atletas, está em alta, e os calçados e as roupas esportivas também. Hoje as pessoas trabalham usando calçado esportivo, saem à noite usando calçado esportivo, pois esse item tem uma versatilidade muito maior do que há alguns anos, quando se usava muito mais sapato, além do conforto e do estilo que o calcçado esportivo traz. Além disso, a pandemia trouxe uma preocupação muito grande com a saúde, e muitas pessoas que não praticavam nenhuma atividade esportiva começaram a praticar, e quem praticava um pouco, começou a praticar mais. Hoje todo mundo sabe que estando bem fisicamente, enfrentamos melhor qualquer adversidade com a saúde. Esses dois fatores têm impulsionado o mercado calçadista nos últimos anos.
O que você destaca como foco de posicionamento da Under Armour no Brasil?
A Under Armour é uma marca que nasce na roupa. O fundador era um jogador de futebol americano dos Estados Unidos que embaixo da sua armadura de proteção, usava uma camisa de algodão que, quando ele suava, ficava muito pesada e atrapalhava a agilidade. A partir desse problema, ele desenvolveu uma camisa que ajudasse na transpiração e ficasse mais leve, e deu o nome desse produto de Under Armour, que significa “por baixo da armadura”, e assim nasceu a marca. Hoje, 80% da venda da Under Armour no mundo é roupa, e 20% é calçado, diferente das marcas internacionais, ou mesmo da Olympikus, que mais de 50% das vendas vêm do calçado. No Brasil, estamos posicionando a marca como de alta tecnologia no seu vestuário, com as categorias bem estabelecidas. Tem também o running, mas o forte é o training, com a coleção completa para musculação e outros exercícios de físicos, tanto que o The Rock é uma grande referência global da marca e tem a sua linha própria. Ainda, está crescendo muito o basquete, pelos produtos do Stephen Curry, que estão em alta por causa da NBA, mas também por outros modelos com produção nossa, como o Buzzer. No geral é uma marca que está vendendo muito bem no país, e com o passar do tempo vai ter uma relevância ainda maior, podendo rapidamente duplicar ou triplicar de tamanho.
A Mizuno é a atual marca da Vulcabras que mais explora o futebol?
A Vulcabras no passado chegou a patrocinar equipes de futebol e ter um foco maior no esporte, mas nos últimos anos nós resolvemos focar nossos esforços em outros esportes, principalmente em corrida. Dentro do nosso portfólio de marcas, a que mais trabalha com futebol é sim a Mizuno, que tem uma chuteira muito conhecida e utilizada que se chama Morelia. Nós vendemos essa chuteira no Brasil, e vamos começar a fabricar no país a partir do ano que vem. A Mizuno é conhecida pelo futebol, mas também é muito mais conhecida e mais relevante a nível global em running e corrida de alta performance, principalmente pela categoria de produtos de altíssima performance, com produtos de preços muito elevados, para um nicho pequeno do mercado, que passam de R$ 1,5 mil. Por isso, o posicionamento da Mizuno, na nossa visão, é muito mais running, mesmo tendo essa relevância no futebol.
Quais ações levaram ao momento atual de crescimento da empresa?
A partir do início da pandemia, uma das ações que tomamos foi transformar o nosso produto para ter um custo benefício um pouco melhor. Sabíamos que o poder aquisitivo das pessoas sofreria um pouco e o cuidado com o dinheiro seria maior em razão das incertezas, então adaptamos nossos produtos para que se tornassem multifuncionais, servindo para diferentes ocasiões. Essa adaptação foi fundamental para que retomássemos um ritmo de crescimento muito forte a partir de 2021, que acabou sendo o melhor ano da história da empresa. Tivemos um resultado muito bom, com um crescimento superior a 50% e um faturamento de R$ 2.2 bilhões - a receita bruta acumulada nos últimos 12 meses ultrapassa R$ 2,7 bilhões. Esse ritmo se manteve em 2022, e após um primeiro trimestre de recordes, o segundo trimestre teve faturamento de R$ 760 milhões, registrando assim o melhor trimestre da nossa série histórica. Por isso estamos dizendo que a Vulcabras está chegando aos 70 anos “na sua melhor forma”, e esse ritmo projetamos manter ao longo de todo o ano.
* Colaborou Mathias Boni