Quando a coluna faz comparativos sobre preço de gasolina no Brasil e em outros países, os leitores sempre pedem que seja considerado o poder de compra. Têm toda razão: uma coisa é o que custa, outra é o quanto dá para comprar com a renda disponível.
Em um ranking baseado em fontes internacionais e cálculos próprios, o resultado é o que todos imaginam: o brasileiro tem menos "bolso" para encher o tanque em relação a habitantes de vários outros países.
No Brasil, é preciso usar 19,47% do salário mínimo para encher um tanque de 35 litros. Mas a coluna encontrou ao menos um país em grau de desenvolvimento semelhante, a Indonésia, onde a relação é pior: abastecer a pleno leva quase um terço da remuneração básica (27,94%). No outro extremo, nos Estados Unidos, é possível fazer o mesmo com apenas 2,73%.
No entanto, na América Latina a pior situação é a do Brasil. Para os argentinos, a crise não tem fim, mas um tanque cheio custa só 4,24% do salário mínimo. No México, a situação não é muito diferente: 4,66%. Em comum, os dois países têm estatais petrolíferas, apesar de produzir menos petróleo do que o Brasil. Uma das curiosidades da comparação é constatar que, em países de menor renda, a gasolina é mais barata do que nos mais ricos. Nesse caso, o Brasil é uma exceção: vem perdendo poder de compra, com combustíveis caros.
A coluna observa que, para manter as bases comparáveis, usou dados dos sites GlobalPetrolPrices e CountryEconomy, sem atualizar pela cotação de momento do dólar. Com o câmbio atual, o valor do salário mínimo brasileiro na moeda americana seria ainda menor, o que elevaria o peso do reabastecimento no bolso. Usar um padrão em dólar para o salário mínimo reflete o real poder de compra da moeda nacional de cada país.