Para mudar o cenário no mercado em que atua, a startup gaúcha Marco Investimentos desenvolveu um projeto para treinar jovens que desejam ingressar no segmento. Recentemente, os sócios da empresa, Tiago Piassum, de 27 anos, e Thales Nóbrega, de 30, receberam um "empurrão" para tirar a iniciativa do papel.
A empresa recebeu aporte de R$ 6,5 milhões de um investidor estratégico em uma primeira rodada de investimento. O processo foi assessorado pela Biancamano Capital. Os recursos serão aplicados na área da empresa focada na formação de novos assessores de investimentos, a MarcoLab. Os cursos serão oferecidos em parceria com a XP School, da XP Investimentos, que dá suporte ao projeto.
Segundo os sócios, houve uma tentativa de contratar pessoas com mais experiência. Durante a prospecção, os recrutadores identificaram que os candidatos não estavam alinhados à cultura da empresa.
— Às vezes, nós, na faixa dos 30 anos, íamos conversar com alguém de mais de 40 anos e não dava certo. Começamos a refletir, 'somos tão legais (risos), mas porque não conseguimos dialogar'? Entendemos que o mercado estava nos direcionamento para um padrão (pessoas mais velhas e com mais experiência no mercado). Por isso, paramos de usar a pele dos outros e assumimos quem realmente somos: um escritório de jovens recém-formados — detalha Piassum.
Em janeiro, os sócios começaram a estruturar o projeto para formar novos assessores de investimentos de 18 a 30 anos sem experiência no mercado financeiro. A empresa também quer investir na diversidade racial e de gênero.
— Observamos iniciativas de diversidade e vemos a MarcoLab como um projeto de resolução efetiva. O grande problema da inclusão está antes do escritórios, não temos diversidade porque não chegam os currículos (de negros e mulheres). Também há questões socioeconômicos que são barreira para alguns grupos ingressarem no mercado — pontua Piassum.
Também há insuficiência de profissionais no setor. Segundo a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec), até o início desde ano, o país tinha apenas 959 profissionais habilitados a trabalhar no setor.
Em 2022, a empresa vai abrir processo seletivo para formar até 120 assessores. Se o modelo der certo, projeta treinar 500 novos profissionais até 2024. Se a iniciativa seguir com bons resultados, a meta é preparar mil assessores até 2025.
— É um modelo próprio de captação, educação e formação de agentes autônomos, oportunidade para que possam ganhar entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês — detalha Piassum.
Segundo Nóbrega, os candidatos passarão por um processo seletivo tradicional, a partir de uma triagem com a equipe de recursos humanos. Em janeiro, a empresa vai abrir 30 vagas. Ao longo de 2022, serão feitos mais três processos seletivos.
Nascida em Pelotas em 2018, a startup iniciou com carteira de R$ 12 milhões em aplicações para gerir. Segundo Piassum, o parque tecnológico da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) foi fundamental na criação do negócio:
— Após o processo de formatação do projeto, tivemos contribuições de pessoas ligadas ao parque tecnológico de Pelotas e aproveitamos todo o ambiente de troca de conhecimento que tivemos na Furg para o surgimento da Marco Investimentos.
Atualmente, com sede em Porto Alegre, o escritório tem gestão de quase R$ 1 bilhão. São 47 funcionários, dos quais 11 sócios participativos no modelo de partnership (quando funcionários se tornam acionistas minoritários do negócio).
* Colaborou Camila Silva