O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
A decisão judicial que suspendeu uma assembleia relacionada aos rumos da Ceitec representa um percalço para os planos do governo federal. Desde o ano passado, o governo busca a liquidação da estatal, que produz chips na capital gaúcha.
A assembleia suspensa pela 3ª Vara Federal de Porto Alegre, após ação popular, ocorreria nesta quarta-feira (13). O encontro iria indicar o liquidante do processo de extinção da Ceitec – ou seja, o responsável por executar o plano de liquidação da estatal.
Autores da ação popular alegam que ainda há questionamentos não respondidos pela União sobre o processo. Crítica ao projeto, a ACCeitec, associação de funcionários da estatal, comemorou a decisão da Justiça.
Consultado pela coluna, o Ministério da Economia não se manifestou até o momento a respeito da suspensão da assembleia. O decreto que determinou a extinção da Ceitec foi publicado pelo governo federal em dezembro.
A liquidação havia sido anunciada seis meses antes, em junho, pelo então secretário especial de Desestatização, Salim Mattar. A medida foi aprovada pelo conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). No ano passado, o então secretário afirmou que a Ceitec "onerava o cidadão pagador de impostos" diante dos sucessivos prejuízos.
"A Ceitec, aquela empresa do chip para a orelha do boi, é a primeira estatal a ser liquidada. Isso significa menos uma estatal que só onerava o cidadão pagador de impostos", disse Mattar à época em uma rede social.
Por outro lado, defensores da manutenção da companhia entendem que as operações são estratégicas para atrair investimentos em tecnologia e reter talentos no Rio Grande do Sul. "Extinguir a CEITEC, que possui uma estrutura única na América Latina com salas limpas, é jogar fora anos de investimentos em propriedade intelectual e equipamentos", diz a ACCeitec.
No entendimento da associação, a decisão judicial que suspendeu a assembleia nesta quarta "foi o primeiro passo para embargar a extinção da empresa".
A batalha de versões tende a seguir nas próximas semanas.