O resultado da eleição desta terça-feira (3) nos Estados Unidos vai condicionar a estratégia ambiental no Brasil. Enquanto tem apoio no negacionismo climático de Donald Trump, o presidente Jair Bolsonaro mantém um ministro do Meio Ambiente sem compromisso com a preservação e ignora a gravidade das queimadas na Amazônia e no Pantanal.
Esse clima vai mudar em caso de vitória de Joe Biden, que deve alinhar a maior democracia ocidental aos ventos que obrigaram, nesta mesma data simbólica, a Petrobras a criar uma gerência executiva de Mudança Climática.
Ao comunicar a decisão, a estatal destacou a "crescente importância das atividades relativas à transição para baixo carbono na companhia". Por isso, o papel da nova área será liderar a redução das emissões atmosféricas, a busca de eficiência energética e monitorar a mudança do clima. O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que o objetivo é conciliar "a maximização de valor para o acionista com o retorno para a sociedade de ações destinadas a minimizar o aquecimento da Terra".
Mesmo Castello Branco, um dos "Chicago Oldies" de Paulo Guedes – o que significa que ele é um liberal de carteirinha –, percebe que a questão ambiental nunca esteve tão longe do "marxismo cultural" com que a ala mais ideológica do governo Bolsonaro insiste em carimbar a pauta ecológica.
Em meio ao caos do primeiro debate, os brasileiros prestaram atenção quando Joe Biden Biden falou em arrecadar US$ 20 bilhões para cuidar da Amazônia e ameaçar com "consequências econômicas significativas" caso o desmatamento não pare. Em março, em entrevista à revista Americas Quarterly, Biden havia sido ainda mais claro:
– O presidente Bolsonaro deve saber que, se o Brasil deixar de ser um guardião responsável da floresta amazônica, minha administração reunirá o mundo para garantir que o meio ambiente seja protegido.
Por isso, é saudável que o Planalto abandone o discurso reativo e se mova com base em pragmatismo, buscando estreitar contatos com congressistas democratas moderados de Nova York e da Flórida, que conhecem bem o Brasil e podem ajudar a construir pontes com uma eventual Casa Branca novamente democrata. Além do azul que caracteriza o partido, o tom dessa administração cada vez mais provável será definitivamente verde.