Desde que foi anunciada a extinção da Ceitec, têm crescido as manifestações contrárias de entidades ligadas ao segmento de microeletrônica e engenharia. À coluna, o presidente conselho da Ceitec, Ronald Krummenauer, acenou com a possibilidade de manter a criação de circuitos integrados (chips) no Estado, mas a possibilidade não evitou a oposição ao fim da área de produção.
Só nos últimos dois dias, a coluna já recebeu notas de quatro entidades que apontam perda para o Brasil se a Ceitec for "liquidada", com anunciou o secretário especial de Desestatização, Salim Mattar. Antes, a Sociedade Brasileira de Microeletrônica também havia solicitado que o governo revisse a decisão. Depois da decisão tomada no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), só falta a sanção do presidente Jair Bolsonaro.
Em nota, a Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi) afirmou que " a liquidação da Ceitec distanciará ainda mais o Brasil do conhecimento de ponta necessário ao desenvolvimento de produtos de alta tecnologia".
A Ceitec nasceu como associação sem fins lucrativos para desenvolver circuitos eletrônicos (chips) e, em 2009, foi federalizada. Na avaliação da Abisemi, em 12 anos de existência, a estatal "contribuiu para atração de investimentos estrangeiros ao Brasil neste setor, dando início a novos empreendimentos privados com atuação nacional e consolidando uma cadeia de valor no país neste segmento."
Os capítulos regionais do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE) manifestaram, em nota "extrema preocupação com o anúncio de liquidação" da estatal. A entidade cita também a necessidade de valorizar os profissionais e os projetos desenvolvidos pela Ceitec. Defendem uma "solução alternativa (...), acompanhada de política consistente e constante, através de efetivas parcerias de investimento."
Em carta aberta dirigida ao presidente Jair Bolsonaro, a Federação Nacional dos Engenheiros ponderou que, enquanto alguns países enxergam no mercado de semicondutores "uma oportunidade de projeção no contexto internacional", o Brasil vai na contramão pela "passividade dos responsáveis e até desconhecimento das capacidades da empresa pelos que deveriam controlar e fiscalizar a sua gestão." Para a federação, a extinção "condena todo o país a continuar no atraso e na dependência de tecnologia importada, abrindo mão de participar de um mercado de alto valor agregado, com os óbvios reflexos negativos, em longo prazo, para a economia e a soberania nacionais".
A Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS) publicou um comunicado assinado porseu presidente, Amarildo Cenci, reiterando sua posição contrária à extinção. A central sindical sustenta que a estatal é "estratégica e fundamental não somente para a política de semicondutores, mas para a microeletrônica do Brasil. Não há futuro para uma indústria forte e inovadora sem tecnologia de ponta. Os gaúchos serão os maiores perdedores se Bolsonaro acabar com a Ceitec".