A fusão entre Suzano e Fibria, confirmada em comunicado do BNDES na noite de quinta-feira (15) cria no Brasil uma empresa que será líder mundial em celulose de mercado (produção de pasta, sem chegar aos produtos finais) usando eucalipto como matéria-prima. Estima-se que a união das companhias represente uma concentração próxima de 50% das vendas mundias de pasta de celulose. O negócio, parte fechado com troca de ações, parte com dinheiro, cria uma empresa com valor de mercado de R$ 66 bilhões.
Tanto pelo resultado quanto por suas consequências, o negócio é considerado favorável para os planos de expansão da CMPC no Rio Grande do Sul. O grupo chileno dono da Celulose Riograndense, de Guaíba, estuda a construção de uma nova unidade no Sul do Estado, condicionada à mudança na legislação que impede a posse de terra por estrangeiros no país, como deixou claro o diretor-presidente da CMPC, Hernán Rodriguez Wilson, no final do ano passado. A expectativa da empresa é encaminhar o assunto em 2019, depois das eleições, para que a unidade entre em operação até 2021.
Walter Lídio Nunes, presidente da Celulose Riograndense, pondera que, para o setor nacional, o negócio entre Suzano e Fibria cria uma empresa capaz de liderar a formação de preço. Para o executivo, isso significa uma tendência a valorizar do produto, uma vez que o negócio vai exigir resultados robustos para a nova companhia. Havia outra candidata à compra da Fibria, a Paper Excellence, cuja estratégia poderia ser diferente,
Walter Lídio também pondera que como Suzano e Fibria estarão concentradas, nos próximos anos, na redução da alavancagem (uso de recursos de terceiros para bancar a fusão) e na busca das sinergias da fusão, o que reduz as chances de que optem por construir novas unidades. Isso afastaria a "concorrência" por novos projetos como a planta projetada pela empresa para o Sul do Estado.
– Não afeta nossos planos de nova planta, até porque o mercado mundial mostra aumento de demanda e comporta mais oferta. O potencial existe, mas ainda depende da questão legal frisa Walter Lídio.