Quem anda mais do que aliviado com a vitória de Emmanuel Macron à presidência da França é o gaúcho Frederico Behrends, consultor da Fiergs para comércio exterior. Militante incansável da integração Mercosul-União Europeia (UE) há 18 anos, o especialista vê, finalmente, chances reais de fechamento do acordo. E prevê que isso possa ocorrer ainda neste ano:
– Claro que uma coisa é assinar, outra é implementar. Vai ser preciso ratificar nos países participantes, então leva mais um tempo.
Na avaliação de Behrends, a eleição de Donald Trump e sua rejeição ao ensaio de tratado entre Estados Unidos e UE foi decisiva para que os europeus se decidissem a destravar as tratativas.
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Um olhar sobre os resultados do comércio entre Brasil e UE (gráfico) mostra que, desde o início dos anos 2000, só houve saldo negativo para o país naquele ano redondo (US$ 731,7 milhões) e na antessala da crise, em 2014 (R$ 4,05 bilhões).
Mesmo nos dois anos de recessão, compras e vendas entre os dois países renderam. Em 2016, foi obtido o maior resultado positivo dos últimos 17 anos da diferença entre vendas e compras (US$ 47,7 bilhões). Até abril, o saldo acumulado é de US$ 21,4 bilhões, quase a metade do ano anterior.
– O comércio com a Europa sempre foi positivo para o Brasil e, ainda mais, para o Rio Grande do Sul. Essa tendência deve continuar, só temos de tomar cuidado na implantação.
Behrends admite que empresários estão "muito descrentes". Credita, em parte, ao fato de o Brasil ter ficado muito tempo sem qualquer acordo comercial.