Da área de distribuição da CEEE a aeroportos em quatro capitais, passando pelas estradas que o governo gaúcho quer conceder, por incrível que pareça, há interessados em investir em infraestrutura no Brasil. O que falta é dar a velocidade à definição de regras que destravarão os projetos. Humberto Busnello, diretor da construtora Toniolo, Busnello, que tem parceria com a espanhola Ferrovial, confirma que a empresa já havia manifestado interesse não só na privatização do aeroporto Salgado Filho, mas até na concessão de estradas no Rio Grande do Sul.
A empresa gaúcha acumula três projetos conjuntos com a espanhola e não descarta parceria no terminal aéreo de Porto Alegre. O desenho, observa Busnello, vai depender das regras. E desabafa, ao situar a posição como "interessada", mas à espera de definições:
– Perdemos muito tempo e dinheiro estudando regras que depois mudaram.
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Precisamos falar sobre privatizações
Há poucos dias, ao comentar o programa de concessões e privatizações do governo federal em teleconferência da GO Associados, Venilton Tadini, presidente da Abdib, entidade que reúne empresas de infraestrutura, observou que o governo tem o diagnóstico correto e o interesse em realizar. Mas advertiu que "é fácil falar, difícil é executar". Só programas "antigos", de 1994 e 1998, incluem projetos de R$ 15 bilhões que seriam facilmente retomados com a edição de contratos. O valor total em análise, de R$ 400 bilhões em energia, transporte, saneamento, óleo e gás, embute o desafio do financiamento, porque não há um único organismo capaz de sustentar crédito para tanto.
E Busnello observa que praticamente tudo o que há para fazer em infraestrutura, no Brasil, é demanda reprimida, ou seja, necessário para eliminar gargalos, quase nada para melhorar ou ampliar. Ou seja, tudo é urgente e prioritário. Convém aumentar a velocidade das definições.