O torcedor pode tudo. Dentro da lei, pode mesmo. Mas colegas jornalistas estão exagerando no discurso contra Neymar. Porque todas as opiniões são contaminadas pelo o que ele faz fora de campo. Os mesmos que dizem que não se importam como o que um atleta faz nas folgas, são os mesmos que "pesam a mão" no melhor jogador brasileiro dos últimos 15 anos.
Neymar tem potencial para ser ainda mais do que é? Óbvio. Neymar não entrar em campo nos últimos dois anos é um problema muito sério? Óbvio. As escolhas do Ney pai e os "améns" do Ney filho prejudicaram a parte esportiva da carreira? Óbvio.
Agora, respire um pouco. Vamos para o campo e bola. Qual brasileiro tem mais talento que ele? Se você é Poliana e acha que o Brasil tem chance na próxima Copa do Mundo, não esqueça do Neymar. Sem ele, o que é quase impossível vira, de fato, impossível.
O YouTube está aí para ajudar. É só pesquisar o Santos de 2010 até 2013. Campeão da Copa do Brasil e da Libertadores. Aí ele foi para o Barcelona, mas antes teve a Copa das Confederações aqui no Brasil e ele deitou. Na Copa do Mundo, foi o principal nome e só não fez mais porque levou uma joelhada criminosa nas costas e quase teve a carreira encerrada pelo lateral colombiano Zuniga.
Então veio o Barça e ele ganhou uma Liga dos Campeões como artilheiro da competição num time que tinha Messi e Suárez. Você é bom de memória e já lembrou da remontada, aquela virada inacreditável contra o PSG, aquela noite que o Messi não quis bater o pênalti e deu a bola na mão dele. Pois é.
Foi depois desta façanha que o Ney pai resolveu entrar ainda mais em cena, atrapalhando a carreira do Ney filho. Eles foram morar em Paris e, ainda assim, Neymar conseguiu algo que o PSG não tinha: uma final de Champions, aquela durante a pandemia.
A saída do time francês seguiu a cartilha da saída do Barcelona, com briga. Mais um erro grave. Veio a Arábia Saudita, e as lesões fizeram com que ele mal entrasse em campo nos últimos dois anos. É o pior momento da carreira. É o prato cheio para os juízes do "STF", o supremo tribunal do futebol.
Neymar é global, midiático, cresceu com as redes sociais e quando não entra em campo vira assunto fora dele. A polêmica da semana é a entrevista que deu para o Romário. O baixinho dava opções e ele respondia.
Quem sairia dos times campeões em 1970, 1994 e 2002 para ele entrar? Simples e ele respondeu de acordo com as opções. Ele não sugeriu nada. Era uma brincadeira. Rivaldo pegou a pilha, saiu disparando para todos os lados e sobrou até para o Zidane. Dedos pesados escreveram contra o jogador, vozes fortes discursaram contra.
Que momento vivemos. Nossa safra é tão fraca que o Brasil não vence um time europeu na fase eliminatória da Copa do Mundo desde 2002. Neymar não tem com quem conversar na Seleção e, ainda assim, apresenta números impressionantes. Mas vão seguir falando do que não é campo e bola para justificar o nariz torcido, a antipatia, a perseguição ou só a mais pura inveja. Escolha a opção.
Um dia Edu Gaspar soltou a seguinte pérola: "não é fácil ser Neymar". Aqui, acho que vale acrescentar: "para alguns, não é fácil ver Neymar sendo Neymar". Em tempos de luta pelas liberdades individuais, chega a ser engraçado ler e ouvir tanta perseguição. E se não for querer muito: qual foi o crime que ele cometeu?