Alessandro Barcellos é um estrategista. Convidar Roger Machado para ser técnico do Inter, no meio de um mata-mata de Copa do Brail, contra o Juventude, é algo genial e perigoso.
Imagine como está a cabeça do Roger agora? O treinador do Juventude joga só por um empate no sábado (13), pode eliminar o poderoso Inter pela segunda vez em 2024 e já sabe que o mesmo Inter quer a sua contratação e sinaliza um salário que é mais que o triplo do atual.
Andar, trabalhar, dormir, respirar em Caxias não deve estar nada fácil para o técnico do Juventude. Nas ruas a torcida só fala nisso, nas galeterias, entre uma colherada e outra da sopinha de capeletti, esse é o assunto, nos corredores do CT não se fala em outra coisa, no vestiário os comandados se perguntam: e aí, será que ele vai ou fica?
Do lado colorado, vem a informação que a direção está disposta a esperar o jogo deste sábado para só depois avançar nas conversas. Esperar o confronto significa não acreditar que é possível seguir na competição? Ou alguém nos gabinetes do Beira-Rio pensa que a torcida aceita trocar uma próxima fase da Copa do Brasil pela contratação de um técnico?
Do lado do Roger são questões pessoais difíceis. Primeiro, viver esses dias na Serra com olhares de desconfiança por todos os lados. Segundo, porque se ele perder, a culpa será da falta de foco. E se perder e resolver sair, será persona non grata para sempre no clube que o resgatou da fila do desemprego. Que situação está enfiado o ex-jogador discreto e eficiente do passado e o treinador moderno e cheio de personalidade no presente.
Eu não queria ser o Roger. Porque existem prós e contras para o "sim" e o "não". Mas "sim" e "não" para quem? Então... Eu não disse que era difícil? Como se diz aqui no Rio Grande: mas que baita rolo!
Tudo isso por conta de um estrategista chamado Alessandro Barcellos. Que sonha com o melhor dos mundos que traria a classificação e o técnico do adversário junto, mas sabe que o jeito menos traumático do profissional sair do Juventude é deixar a Serra com o time de lá classificado.
Nas próximas horas, a cabeça de Roger seguirá um fervo. Os batimentos cardíacos de Barcellos bem acima do considerado normal.
Quando alguém repetir que o futebol é dinâmico, acredite. E não estamos falando sobre bola e campo. O futebol é muito mais do que isto.