Deyverson nasceu na época errada. Ele é sincero, folclórico, atrapalhado, inocente, meio circense e o melhor de tudo: sabe fazer gols. Pena que nasceu na era das redes sociais ou era dos perfeitos. Afinal, ele tem a cara dos anos 1970, 1980 e 1990.
"Deyvinho", como é chamado por muitos, é uma espécie de último romântico da camisa 9. Uma família grande, que teve Fio Maravilha, César Maluco, Dadá Maravilha, Beijoca, André Catimba, Serginho Chulapa e Túlio Maravilha.
Deyverson chegou ao Palmeiras, em 2017, vindo da Espanha. Logo na coletiva de apresentação ele chorou e depois cantou.
Ele é fã do Belo e não passa uma semana sem ligar para o cantor, sempre com chamadas de vídeo e a qualquer hora do dia. Nas vezes em que o cantor atende, o início da conversa é sempre o mesmo:
— Benção, meu pai! Tudo bem com o senhor?
Sim, Deyverson é tão fã, mas tão fã do Belo que brinca que é filho do cantor. O cabelo descolorido é pura homenagem.
Mas os românticos que vestem a camisa 9 também fazem o que a torcida mais quer: gols. E Deyverson fez o que garantiu a vitória do Palmeiras na conquista do Brasileirão de 2018, em São Januário, contra o Vasco.
Felipão certa vez disse que o centroavante tinha um chip na cabeça que, de vez em quando, soltava, complicando tudo. Felipão saiu, mas ele ficou e dois anos depois fez o gol do tri da Libertadores, em Montevidéu, contra o Flamengo. Saiu do banco e entrou para a história. Desta vez, com a confiança de Abel Ferreira. No ano passado, no Cuiabá, e vou escrever de novo o nome do clube para reforçar, no Cuiabá, ele fez 12 gols no Brasileirão.
Deyverson está na mira do Grêmio, e o Grêmio está certo. Mas as restrições estão prontas e ecoando na cidade. Dizem que os feitos dele são coisas do passado e que ele está encostado no Mato Grosso por ter negociado com outro clube e fazer corpo mole nos treinos.
Para os opositores da contratação, uma pergunta: tirando o extraterrestre Luis Suárez, um astro mundial, qual outro centroavante que o Grêmio teve nos últimos anos fez gols tão decisivos aqui na América do Sul?
Diego Costa precisa de uma sombra e Renato de uma alternativa que faça gols. Deyvinho pode ser reserva de luxo. Aquele que vem do banco e bagunça o adversário com uma papagaiada, um sorriso, piscadinha debochada, como fez para o banco do Corinthians num clássico, ou qualquer coisa que crie uma confusão do bem que vire gol. A torcida vai amar esse maluco.
Só não quer o Deyverson, quem não conhece o Deyverson.