Algo me diz que Eduardo Coudet vai me fazer feliz. Intuição. Não consigo expressar com transparência como ela chegou nesta conclusão. Mas tenho pistas. Aos secadores, digo algo bom: minha intuição é traiçoeira, sorrateira e maldosa. Comigo, no caso.
Por exemplo: não sou ganhador de sites de apostas. Neles, preciso dela também. Dias desses, acertei resultados de Palmeiras, Guaraní do Paraguai – antes de Assis e Ronaldinho se tornarem cidadãos e, agora, moradores do país vizinho —, Flamengo, Leicester e Grêmio.
Perdi o leite e fraldas das crias do mês com o Atlético-GO. Fui atrás do Guerrinha lamuriar. Ele, um homem de carreira de cavalos, disse em tom calmante (ler com a voz dele): "Não dá pra cravar nesses times lá de cima... ainda estão trocando de treinador, se adaptando...". Sabedoria vem com o tempo também. E com cavalos.
Pois minha intuição já abraçou Coudet. Na verdade, o beijou na boca e teve uma noite quente e insana num motel barato da Capital. Deu química entre eles. E minha intuição, insinuante, só dispôs de uns dias de janeiro e todo fevereiro para chegar à conclusão de se deitar com o treinador argentino. Entendeu o fevereiro defensivo com Musto e Lindoso. Cinco brasileiros foram eliminados já no mês do Carnaval em competições internacionais. Coudet passou. Sem levar gol. Intuição paciente e observadora essa minha.
Mas, confessa ela, que não é só a observação desses 50 dias de labuta Coudetzística que a fez se entregar. Brada ela com entusiasmo que gosta das apostas nos garotos, nas boas contratações sem grana, posse de bola, na imposição no campo do adversário. E vê que isso, se azeitado e com melhores peças, pode tirar do atoleiro que o Colorado se meteu nesses últimos anos.
O problema é que o destino meteu Gre-Nais no meio do caminho. E nada como Gre-Nais para destruir convicções, criar más fases, acabar com parcimônias e derreter ideias futebolísticas. Ao mesmo tempo, à glória com vitórias em clássicos! Coudet, nessa tarde no motel bagaceiro porto-alegrense, deitado ao lado da minha intuição, ouviu dela, ao pé do ouvido, com voz rouca:
— Amor? Se não ganhar Gre-Nal aqui no Rio Grande do Sul, não adianta nada qualquer mudança tática, revolução nos treinamentos e variações de modelo de jogo durante uma mesma partida.
Minha intuição sabe como cobrar um homem antes dos primeiros Gre-Nais da história da Libertadores.
